 O Comitê de Política Monetária (Copom) disse, na ata da sua última reunião, que a alta de 1 ponto porcentual (pp) na Selic realizada na semana passada, que elevou a taxa de juros para 14,25% ao ano, foi necessária para lidar um ambiente externo desafiador “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos”. O Banco Central avalia que incertezas em torno de políticas nos Estados Unidos já restringem novos investimentos e têm impacto sobre expectativas e inflação, com parte dessa deterioração do cenário já começando a se materializar. Na semana passada, o BC decidiu seguir o ritmo já previsto de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, e indicou um ajuste de menor magnitude na reunião de maio se confirmado o cenário esperado. Na ata, o BC apontou que a decisão levou em conta o cenário adverso para a dinâmica da inflação, defasagens do ciclo monetário em curso e elevada incerteza. Segundo comunicado, os diretores do BC consideraram que esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e acerca do ritmo de crescimento nos demais países. Aumento de menor magnitude em maioO Copom repetiu que antevê um novo aumento “de menor magnitude” na taxa Selic no seu próximo encontro, de maio. A sinalização já constava no comunicado divulgado na última quarta-feira (19). O colegiado também reforçou que, a partir de maio, o tamanho total do ciclo será ditado pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta” e dependerá da evolução do cenário. “Para além da próxima reunião, o comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz a ata. A elevação sinalizada pelo Copom em maio colocaria a taxa em ao menos 14,50%, o maior nível desde os 14,75% atingidos em julho de 2006, ainda no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mercado espera altas de 0,5 ponto porcentual em maio e de 0,25 ponto em junho, que levariam os juros a 15,00% no fim do ciclo de aperto, segundo o último relatório Focus. Projeções de inflaçãoO Copom também repetiu as projeções de inflação que já haviam sido divulgadas no comunicado da última quarta-feira. O comitê espera que o IPCA atinja 3,9% no acumulado de 12 meses até o fim do terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária. A estimativa está acima do centro da meta, de 3%, e considera elevação de 3,8% para os preços livres e de 4,2% para os administrados. O BC espera que o IPCA encerre 2025 em 5,1%, acima do teto da meta, de 4,5%. A estimativas consideram altas de 5,4% nos preços livres e de 4,3% nos administrados este ano. Todas as projeções do BC partem do cenário de referência, com trajetória de juros extraída do relatório Focus e bandeira verde de energia elétrica em dezembro de 2025. A taxa de câmbio começa em R$ 5,80 e evolui conforme a paridade do poder de compra (PPC). Os preços do petróleo seguem aproximadamente a curva futura por seis meses e, depois, sobem 2% ao ano. (com Reuters e Estadão Conteúdo)
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