Levou quase quatro décadas para que os donos da Pousada do Rio Quente, em Goiás, expandissem o negócio para fora de seu estado de origem. Com a aquisição do resort Costa do Sauípe, no litoral baiano, em 2017, já não fazia mais sentido manter o nome original do grupo, que fazia referência direta ao complexo turístico da cidade goiana. Assim, surgiu a Aviva, uma empresa que hoje tem um ambicioso plano de expansão e está pronta para investir mais de R$ 1 bilhão nos próximos quatro anos. “A gente até brincava que precisávamos tirar o pé das margens do Rio Quente. Esse primeiro passo foi dado com a aquisição de Sauípe e agora, com certeza, estamos avaliando outros destinos que tenham sinergia”, disse o CEO da Aviva, Alessandro Cunha, em entrevista ao podcast Do Zero Ao Topo, do InfoMoney. Segundo ele, a empresa não deve passar por um jejum de aquisições tão longo quanto o do passado, embora, no momento, não existam tratativas em curso para a compra de novos ativos. O foco dos investimentos recém-anunciados é a Costa da Sauípe, onde a Aviva está, no momento, trabalhando na renovação do complexo hoteleiro — só essa parte deve consumir R$ 350 milhões dos recursos previstos. Além disso, a empresa vai erguer um parque aquático do zero, o Hot Park Bahia das Tartarugas, cujas obras já foram iniciadas. “É um projeto greenfield [termo aplicado quando o produto do projeto é realizado a partir do zero], são três anos de obras. Vai ser o primeiro parque aquático totalmente temático do Brasil”, afirma Cunha. Leia mais:
TransformaçõesO executivo não participou da fundação da empresa, mas, como goiano nascido e criado em uma pequena cidade vizinha a Rio Quente, testemunhou como o empreendimento acelerou o desenvolvimento econômico local. “Continua sendo a empresa que mais emprega na região”, afirma. O complexo turístico do Rio Quente começou com uma pequena pousada na década de 1960, fundada pelo médico Ciro Palmerston. No final da década de 1970, uma combinação improvável de forças para escalar o negócio aconteceu. O grupo mineiro Algar, forte em telecomunicações, e o goiano Gebepar, do agronegócio, se uniram para comprar a pousada, cada um com metade da empresa. Até hoje, essa é a estrutura acionária da Aviva, que não deixou de se profissionalizar por causa disso. Cunha era prata da casa quando assumiu o cargo de CEO, pois já trabalhava na empresa desde 2002, tendo começado na parte financeira e depois assumindo funções na área estratégica. Sua ascensão à presidência do grupo coincidiu justamente com a aquisição de Costa do Sauípe — até então, o grupo era gerido por dois CEOs, um para cada grupo de sócios. “Por estar em uma área estratégica, sempre estive muito à frente das principais decisões de negócios”, explica Cunha. O executivo chamou ainda mais a atenção dos donos como um dos líderes do comitê de crise formado para gerenciar os impactos da pandemia no negócio. “Tivemos que fechar a operação por 120 dias. Até então, a empresa nunca tinha fechado um dia sequer em décadas de história.” A empresa precisou reduzir pela metade o quadro de 4 mil funcionários e renegociar todos os contratos. Familiar, mas nem tantoDepois desse desafio, não demorou para que Cunha recebesse formalmente o convite para assumir o cargo de CEO. Ele destaca que não foi só o C-level da Aviva que se profissionalizou nos últimos anos. “Nesse momento, grande parte do nosso conselho é independente, com pessoas do mercado”, afirma. “Os acionistas sempre me disseram: trabalhe pelo que é o melhor para a Aviva, pois assim você estará fazendo o melhor pelo acionista.” Agora que a Aviva tirou os pés da beira do Rio Quente, o plano é transformar a empresa em uma plataforma de turismo e entretenimento. A companhia conta hoje com um clube de férias com mais de 30 mil famílias associadas, o que, por si só, já cria demanda para novos destinos que a companhia decida desbravar. “A Aviva nasceu para ser a solução de férias e lazer do brasileiro, tendo Rio Quente e Sauípe, mas também pronta para novas aquisições, pensando em novas oportunidades”, resume o CEO. A Aviva faturou R$ 855 milhões no ano passado e, para este ano, a previsão é de um crescimento de quase dois dígitos na receita, alcançando R$ 1,3 bilhão. |
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