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Judiciário

“Nunca questionei a lisura do processo eleitoral”, afirma Torres ao STF

- 10/06/2025 28 Visualizações 28 Pessoas viram 0 Comentários
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O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta terça-feira (10) o julgamento sobre o suposto plano de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 30 réus. Na sequência dos depoimentos, a Corte ouviu Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal durante os ataques de 8 de Janeiro de 2023.

Torres, que permaneceu preso por quatro meses após os ataques às sedes dos Três Poderes, manteve a estratégia de se distanciar de qualquer narrativa golpista, negando ter participado de articulações para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Celular perdido durante férias nos EUA

Um dos pontos mais controversos do depoimento foi a explicação de Torres sobre o desaparecimento de seu celular. O ex-ministro afirmou que perdeu o aparelho enquanto passava férias nos Estados Unidos em janeiro de 2023.

Na época, Torres atuava como secretário de Segurança do Distrito Federal e teve a prisão decretada após os atos violentos de 8 de Janeiro. Ele retornou ao Brasil sem o celular e forneceu apenas a senha do backup dos arquivos na nuvem.

A ausência do aparelho é considerada pela investigação um obstáculo importante para o acesso a conversas e registros que poderiam esclarecer o envolvimento de Torres nos eventos que culminaram nos ataques aos Três Poderes.

Live sobre urnas eletrônicas

Em seu depoimento, o ex-ministro confirmou ter sido convocado por Bolsonaro para participar de uma transmissão ao vivo sobre as urnas eletrônicas em 2022, quando ainda comandava o Ministério da Justiça.

Torres alegou, no entanto, que não possuía conhecimento técnico sobre o assunto e que se limitou a ler relatórios produzidos por sua equipe sobre o sistema eleitoral. “Não temos nada que aponte fraude nas urnas”, afirmou categoricamente.

O ex-ministro manteve a versão apresentada anteriormente em depoimento à Polícia Federal, sustentando que os relatórios recebidos por ele apenas sugeriam melhorias à segurança dos dispositivos eleitorais, sem questionar a integridade do processo.

“Todos vão se f*” se Bolsonaro perder

Um dos momentos mais tensos do interrogatório ocorreu quando Torres foi questionado sobre sua fala em uma reunião ministerial, na qual teria dito que “todos vão se f*” caso Bolsonaro perdesse as eleições.

“Faltei com a polidez”, reconheceu o ex-ministro, tentando minimizar o impacto de suas palavras. “O que queria era pedir empenho a todos”, justificou, afirmando que estava apenas preocupado com a continuidade dos programas de governo instituídos na gestão bolsonarista.

Contradições apontadas por Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, confrontou Torres sobre declarações feitas em reunião ministerial em julho de 2022, na qual o então ministro da Justiça manifestou preocupações com a segurança das urnas e citou a live de que havia participado com Bolsonaro.

Moraes destacou que a narrativa golpista sobre fraudes nas eleições envolve um inquérito da Polícia Federal citado pelo ex-presidente na transmissão, colocando em xeque a afirmação de Torres de que “nunca questionou a lisura do processo eleitoral”.

“Nunca questionei a lisura do processo eleitoral”, insistiu Torres, em aparente contradição com suas próprias declarações anteriores e com sua participação na estratégia de comunicação do governo Bolsonaro sobre o tema.

Próximos depoimentos

Após Torres, serão ouvidos, por ordem alfabética: Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI; Jair Bolsonaro, ex-presidente da República; Paulo Sergio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.

O depoimento de Bolsonaro é aguardado como um dos momentos mais importantes do julgamento, especialmente após as revelações feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que confirmou o envolvimento direto do ex-presidente na elaboração de documentos para embasar um golpe de Estado.




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