As ações da Azzas 2154 (AZZA3), uma das principais empresas do setor de moda, sobem cerca de 3%, a R$ 33,50, nesta terça-feira (10), após a companhia anunciar na véspera que concluiu um estudo para revisão de portfólio e, como resultado, vai descontinuar as marcas Alme, Dzarm, Reversa (linha feminina da Reserva) e Simples. Juntas, elas representaram apenas 3% das vendas brutas totais no último ano, totalizando R$ 411 milhões. De acordo com analistas, o impacto esperado no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) é praticamente neutro, uma vez que essas marcas estavam próximas ao ponto de equilíbrio financeiro. A Azzas diz que com a revisão do portfólio, a empresa busca maior eficiência na alocação de recursos, permitindo um foco mais intenso nas unidades de negócios com maior margem. Como parte dessa mudança, as marcas Brizza e Fábula serão integradas como categorias de produtos da Arezzo e Farm, respectivamente. Já Carol Bassi e Foxton passarão a ser absorvidas pelas unidades de negócios de roupas femininas e masculinas. A reestruturação deverá ser concluída até 28 de fevereiro de 2025 e, segundo a empresa, não trará despesas expressivas em caixa. Segundo o Bradesco BBI, a otimização do portfólio deve impactar positivamente o capital de giro, especialmente por meio da redução de estoques. Analistas avaliam que, do ponto de vista qualitativo, a simplificação do portfólio de marcas pode permitir à gestão redirecionar esforços e recursos para unidades de negócios com margens mais altas, o que reduziria a complexidade e aumentaria o foco, ajudando a melhorar os retornos gerais. Porém, os analistas dizem que essa decisão também reflete a complexidade dos processos de fusão, com a integração recente da empresa ainda demandando alguns ajustes. Negociando com um desconto de cerca de 20% em relação aos concorrentes e a um múltiplo de 8,0x Preço/Lucro (P/L) projetado para 2025, o banco diz que a Azzas apresenta boa assimetria de alta. Por isso, a recomendação dos estrategistas é de Outperform (perspectiva de valorização), com preço-alvo de US$ 57 por ação até o final de 2025. Para o BTG, o mercado ficará em modo de espera antes de pagar antecipadamente por todos esses ganhos, porque a empresa é “um negócio complexo que cria um player gigante com múltiplas marcas (e diferentes culturas) em vestuário/calçados”, sem mencionar os riscos de execução no processo de integração. O banco aponta que a fusão entre a Soma, que é controlada pela Azzas, e a Hering deve gerar ganhos financeiros no futuro, com um total estimado de R$ 3,1 bilhões, representando cerca de 35% do valor de mercado da Azzas. A principal fonte de ganhos, segundo o BTG, vem do uso acelerado do ágio, com previsão de utilização de cerca de R$ 4 bilhões nos próximos cinco anos, originado pela aquisição da Hering. Além disso, os analistas estimam que a integração das operações pode gerar sinergias de vendas, como a venda cruzada de calçados nas marcas de vestuário da Soma, o que deve resultar em R$ 860 milhões adicionais até 2030. A internalização da produção da Reserva nas fábricas da Hering também deve gerar benefícios financeiros, conforme o relatório do banco, com um impacto de R$ 280 milhões e melhoria na margem bruta da marca. Outra economia esperada é com a redução de custos operacionais (SG&A), estimada em até 5%, o que pode gerar mais R$ 1 bilhão em valor presente líquido. Já a XP afirma que o anúncio é visto como um sinal positivo de que a empresa permanece comprometida em aprimorar sua alocação de capital e retorno sobre o capital investido, ao mesmo tempo em que simplifica seu portfólio para focar em marcas com maior potencial. A corretora diz que também está considerando potenciais desinvestimentos, que, de acordo com as estimativas, podem alcançar até R$ 100 milhões. A recomendação de compra da Azzas é mantida pelos analistas da XP, com base na solidez das estimativas para 2025. |
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