É comum ouvir que mulheres são mais conservadoras em seus investimentos e não têm muita tolerância a risco, mas uma mudança geracional pode estar em curso. Segundo dados de uma pesquisa do Bank Of America (BofA), mulheres mais jovens, das gerações Z e Millenial, têm quase o mesmo nível de alocação em ações do que os homens da mesma faixa etária. Quando a idade aumenta, para geração X e baby boomer, os níveis de alocação de risco femininos caem bastante. No entanto, aponta o estudo, a diferença na alocação de ações entre homens e mulheres de todas as idades nos Estados Unidos diminuiu de 8 pontos percentuais para 5 pontos nos últimos três anos. “Essa tendência pode ajudar as mulheres a obter maiores ganhos ao longo de suas vidas e reduzir a diferença de riqueza entre homens e mulheres”, afirmam Dimple Gosai e Kay Hope, diretoras de ESG do BofA. O levantamento foi feito com base no registro de investimentos de 3,1 milhões de participantes. O fenômeno também acontece no Brasil. Segundo a B3, a maior parte das investidoras de renda variável tem entre 25 e 39 anos, representando 46% do total, seguidas por mulheres entre 40 e 59 anos, com 34%. Entretanto, a faixa etária mais jovem, de 18 a 24 anos, está crescendo mais rápido. “Essa é a idade de você conseguir arranjar o emprego, começar a ter uma renda. É um momento onde a disponibilidade pra investir é menor, mas há mais incentivos”, diz Christianne Bariquelli, superintendente de educação da B3. Um dos motivos para essa mudança de postura geracional está na confiança das mulheres mais jovens. Segundo a pesquisa Merrill’s Seeing the Unseen study, com 4.000 respondentes online, cerca de um terço das mulheres com menos de 55 anos se sentem confortáveis para discutir tópicos financeiros (35%), tomar decisões sobre dinheiro (28%) e tem conhecimento de produtos e serviços financeiros (27%). O percentual cai drasticamente entre mulheres acima de 55 anos. As que se sentem confortáveis para falar de finanças são 22%; para tomar decisões sobre dinheiro são 9%; e apenas 6% têm conhecimento sobre produtos e serviços financeiros. Gosai e Hope, do BofA, acreditam que essa diferença se dá devido a maior autonomia financeira das mulheres mais jovens, enquanto as mulheres com mais idade atribuíam os cuidados financeiros aos homens. Potencial femininoAs diretoras do BofA afirmam que os tempos são outros e a indústria financeira deve se preparar para receber e atender esse público. “As mulheres agora superam os homens nas matrículas universitárias em todo o mundo. Eles estão entrando no mercado de trabalho em níveis mais altos, com maiores aspirações de carreira”, dizem no relatório. Ainda segundo o estudo, 90% dos consultores financeiros não têm uma estratégia diferenciada de venda e marketing para mulheres investidoras e 84% não têm uma abordagem própria para investidores mais jovens. “A abordagem distinta das mulheres para investir significa oportunidade”, contam as executivas do BofA. |
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