Uma vitória de Donald Trump nas eleições americanas em novembro tem potencial de afetar países em todo o mundo — não só porque os Estados Unidos estão entre os países mais relevantes em termos de comércio e diplomacia internacional, mas também porque a plataforma republicana de reeleição promete mudanças drásticas para as políticas interna e externa do país. Em um documento de 16 páginas, o programa eleitoral de Donald Trump apresenta propostas para três principais áreas: comércio, imigração e segurança. Os parceiros comerciais devem esperar tarifas e restrições maiores aos seus produtos; os imigrantes correm o risco de serem deportados e a entrada no país deverá ficar mais difícil; por fim, a ajuda militar se tornaria mais condicional, sem tanta liberação de dinheiro e/ou armas. Quanto essas mudanças podem impactar os países, aliados ou não? A Economist Intelligence Unit (EIU), divisão de pesquisa e análise do Economist Group, analisou os efeitos das políticas “trumpianas” em 70 países com relações com os Estados Unidos. O ranking, que a EIU chama de “Trump Risk Index” (Índice Trump de Risco), leva em consideração a exposição dos países às três principais bandeiras republicanas: - Comércio: política protecionista, com possíveis tarifas, barreiras comerciais e renegociações de acordos comerciais;
- Imigração: políticas mais rígidas de entrada e na fronteira, com efeitos no mercado de trabalho e relações bilaterais entre países com forte imigração;
- Segurança: possíveis mudanças nas alianças militares e nos gastos com defesa e cooperação internacional em questões de segurança.
A pontuação geral de risco reflete a vulnerabilidade de cada país a essas mudanças políticas propostas pela campanha do republicano, fornecendo uma visão geral das possíveis repercussões globais de um novo governo Trump. De acordo com a EIU, estes são os 10 países mais expostos ao Índice Trump de Risco: - República Dominicana: 52,6
Seis países da América Latina estão entre os mais expostos. Costa Rica e Panamá podem ter problemas devido à dependência da ajuda militar americana, assim como por seus baixos gastos em armas e defesa. República Dominicana, El Salvador e Honduras estão no topo do índice por causa da vulnerabilidade a políticas de imigração: os pagamentos de remessas dos Estados Unidos representam entre 8% e 23% de seus PIBs. Já o México tem uma situação mais delicada. Como principal parceiro comercial dos EUA, os déficits comerciais são uma grande preocupação para Trump. O déficit com o México subiu para US$ 152 bilhões em 2023, um aumento de 37% desde 2020. A Alemanha tem o risco mais alto entre os membros da OTAN. Em seu primeiro mandato, Trump queria retirar mais de 12.000 soldados americanos da Alemanha e criticou os baixos gastos do país com defesa. Em um segundo mandato, Trump poderia ameaçar reduzir a ajuda militar à Ucrânia como forma de pressionar os aliados a aumentarem seus próprios gastos. A China, alvo de uma guerra comercial com os EUA, ocupa a posição mais alta de qualquer país da Ásia. Trump sinalizou que quer uma dissociação mais decisiva do país e ameaçou impor uma taxa de 60% sobre seus produtos.
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