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Judiciário

Após MP da reoneração e vetos, analistas veem piora na relação entre Lula e Congresso

- 05/02/2024 10 Visualizações 10 Pessoas viram 0 Comentários
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A retomada das atividades no Congresso Nacional deve ser marcada por uma relação menos amistosa entre o parlamento e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em comparação com o primeiro ano de administração, após os últimos movimentos do Palácio do Planalto em 2023.

É o que esperam analistas políticos consultados pela 52ª edição do Barômetro do Poder, levantamento feito mensalmente pelo InfoMoney com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na cena política nacional.

O estudo, realizado entre os dias 17 e 22 de janeiro, mostra que apenas 36% dos entrevistados consideram alta a capacidade do governo em aprovar proposições no Congresso. Um mês antes, o grupo correspondia a 58% da amostra, e, em julho, chegou a 85%. Hoje, 64% consideram essa capacidade moderada. Em uma escala de 1 (muito baixa) a 5 (muito alta), a média das respostas ficou em 3,36.

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No mesmo sentido, o Barômetro do Poder mostrou que, de setembro para cá, caiu de 50% para 27% o percentual de analistas políticos que classificam como boa a relação entre Executivo e Legislativo. Já os que consideram moderada saltaram de 50% para 73%.

Quanto aos próximos seis meses, 27% esperam uma piora na relação − pior marca registrada pelo levantamento desde que Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto para seu terceiro mandato presidencial. Outros 73% acreditam na manutenção do quadro atual, enquanto nenhum dos entrevistados espera uma melhora.

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“O primeiro ano de Lula foi marcado por um esforço na construção de uma base governista, que se revelou mais demorado e oneroso do que o previsto. Nesse processo, destacou-se a disputa pelo Orçamento, que cada vez mais vem se tornando o principal instrumento de governabilidade. Este cenário que deve se acentuar em 2024, especialmente o debate a respeito de emendas parlamentares”, disse um analista.

“Nos próximos meses, a oposição tende a fazer mais barulho. O ‘centrão’ tende a se aproveitar e pressionar ainda mais o governo”, apostou outro especialista consultado.

As falas coincidem com um momento de maior tensão entre Palácio do Planalto e Congresso Nacional, após Lula editar medida provisória (MPV 1202/2023) revogando lei recém-aprovada pelos parlamentares e instituindo nova regra para a reoneração da folha de salários, acabando com o benefício fiscal do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e limitando o uso de créditos tributários por empresas.

Também provocou incômodo entre os congressistas veto apresentado por Lula a trecho da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 − movimento que, na prática, reduziu de R$ 16,6 bilhões para R$ 11 bilhões os gastos previstos para emendas de comissões parlamentares. Já há um movimento no Legislativo para derrubar o dispositivo, enquanto a equipe econômica do governo tenta ganhar tempo para costurar um acordo.

Base aliada

O Barômetro do Poder também coletou as projeções dos especialistas para a distribuição de apoio nas duas casas legislativas. Segundo o levantamento, dividindo os parlamentares em três grandes grupos (alinhados com o governo, incertos e de oposição), a média das respostas indicou uma base aliada à atual administração de 212 deputados e 33 senadores.

Os números representam uma queda de 10 deputados e 5 senadores em comparação com a média do levantamento anterior, realizado em dezembro de 2023. O cenário, caso confirmado, indica necessidade constante de o Palácio do Planalto negociar com as bancadas em troca de apoio para aprovar suas proposições.

De acordo com o estudo, a oposição a Lula somaria 116 deputados (8 a menos do que na edição anterior e 13 em comparação com novembro) e 24 senadores (mesmo número registrado em novembro e dezembro de 2023).

Considerando um hipotético apoio de 100% dos integrantes da base aliada, Lula ainda precisaria de 24% e 33% dos incertos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, respectivamente, para conquistar maioria absoluta − marca necessária para a aprovação de projetos de lei complementar. Já no caso de Propostas de Emenda à Constituição (PECs), os percentuais necessários subiriam para 52% e 67%, na mesma ordem.

Metodologia

Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 7 consultorias políticas – Ágora Assuntos Políticos; Control Risks; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Prospectiva Consultoria; Tendências Consultoria Integrada; e Warren Rena – e 4 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); Rogério Schmitt (Espaço Democrático) e Thomas Traumann (Traumann Consultoria).

Conforme combinado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo mantido o anonimato das respostas.




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