Olho no passado ou no futuro? Em relatório, a equipe de estratégia do Bradesco BBI aponta que lucros impulsionam as ações na Bolsa, sendo que as revisões nas projeções, costumeiramente, são o fator de investimento mais importante ao longo dos anos. Neste cenário, as recentes expectativas de queda de crescimento são um obstáculo ao desempenho do mercado brasileiro e um ponto fora da curva global, especialmente em um momento em que a perspectiva de lucros se fortalece em outros mercados emergentes. As perspectivas estão sendo prejudicadas pelos preços mais baixos das commodities, pela desaceleração prevista do PIB e pelos aumentos das taxas de juros, juntamente com o crescimento das incertezas fiscais. Ainda assim, no terceiro trimestre de 2024 (3T24), as projeções são positivas. De forma consolidada, o Ibovespa deve apresentar um crescimento anual dos lucros de quase 20% no terceiro trimestre, liderado pelos setores industriais. “Notavelmente, esperamos que 70% das empresas do índice relatem lucros maiores em comparação ao mesmo período em 2023”, aponta o BBI. As empresas brasileiras, segundo o banco, desfrutarão de um benefício duplo de: (i) uma economia local muito forte, que relatou crescimento trimestral do PIB em 5,9% anualizado; juntamente com (ii) redução das pressões de custo, já que tanto as taxas de inflação quanto a Selic estão mais baixas em bases anuais. Isso pode catapultar um aumento nas margens líquidas (excluindo as commodities) de 8% para 10%. Por outro lado, há algum risco de queda nas expectativas de lucros de 2025. Isso porque, à medida que as taxas de juros sobem e a economia inevitavelmente esfria, as previsões são de que os lucros aumentem a um ritmo de 3 vezes o PIB nominal no ano que vem, em comparação com a média de longo prazo de 1,7 vez. O BBI destaca que, entre as empresas que iniciam os balanços do 3T24, as atenções ficam para a Vale (VALE3), que divulga resultado financeiro no próximo dia 24 de outubro. Para a companhia, o banco espera resultados mais fracos no trimestre devido aos preços mais baixos do minério de ferro. “Esperamos que a Vale reporte Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado em US$ 3,4 bilhões. As vendas totais de minério de ferro e pelotas devem atingir 82 milhões de toneladas, 3% maior no trimestre e 2% no ano”, aponta. A realização do preço do minério de ferro deve ser menor no trimestre, em US$ 90/tonelada, impulsionada principalmente por preços de referência mais baixos (11% menores no trimestre), enquanto a realização do preço das pelotas também deve cair 8% no trimestre, devido aos preços de referência e prêmios mais baixos. No lado positivo, o BBI espera que os custos da mina ao porto (C1) sejam revertidos para baixo em US$ 4/tonelada, para US$ 24,50, impulsionados principalmente pela maior produção (12% maior) e parcialmente compensados por maiores taxas de frete. No geral, o banco acredita que o momento continua muito forte para as companhias de proteínas, enquanto as seguradoras devem ser uma alternativa defensiva para essa temporada, em função de uma menor sinistralidade e do aumento das taxas de juros – a Porto Seguro (PSSA3) deve trazer o melhor resultado entre elas, com crescimento de 20% nos lucros. |
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