![]() São Paulo (Reuters) – Economistas disseram nesta quinta-feira (21) que continuam acreditando na possibilidade de o Banco Central cortar os juros em meio ponto percentual para além da reunião de política monetária de maio, mas alguns analistas avaliam que o novo “guidance” aumenta a probabilidade de o colegiado desacelerar o ritmo da flexibilização monetária à frente. O Comitê de Política Monetária do BC anunciou na quarta-feira uma nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião, em maio. Desde agosto, a orientação era de novos cortes equivalentes nas próximas reuniões, no plural. “Num geral, faz sentido aumentar os seus graus de liberdade, dada a fase do ciclo de afrouxamento e a maior incerteza (…) Apesar da orientação futura, não esperamos uma alteração na flexibilização total ou um abrandamento do ritmo”, disseram David Beker, chefe de economia e estratégia para Brasil, e Natacha Perez, economista para Brasil, do Bank of America, que estimam taxa Selic terminal de 9,50%. “Cabe destacar que o Comitê sinalizou que o cenário-base não se alterou substancialmente, dando a entender que o atual plano de voo ainda pode ser executado”, argumentou a equipe macroeconômica da Genial Investimentos, que manteve projeções de cortes da Selic de 0,50 ponto percentual nas duas próximas reuniões e um corte final de 0,25 ponto em julho, a 9,5%. Mario Mesquita, economista chefe do Itaú, foi na mesma linha: “o Copom afirmou que seu cenário não mudou e manteve sua projeção de inflação para 2025. Isso sugere, pelo menos no momento, uma taxa terminal inalterada”, disse ele, que tem como projeção juros a 9,25% ao final de 2024. O Banco Central informou em seu comunicado que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação segue em 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025. No início do mês, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, já havia dito em evento que mudanças no guidance “não necessariamente significam uma correlação com a taxa de juros terminal”, e que o Copom estava ganhando tempo para “ver como as coisas vão se desdobrar”. Parte dos economistas aponta que o balanço de riscos está se deslocando no sentido de uma desaceleração do ritmo de cortes ser mais provável do que uma intensificação, o que poderia eventualmente levar a aumentos nas projeções das grandes instituições financeiras para a Selic –embora esse ainda não seja o caso. “A nosso ver, a mudança na orientação aumentou a dependência de dados tanto das futuras decisões de cortes de taxas do Copom como da sua orientação”, disseram a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, e sua equipe em relatório. “Acreditamos que há espaço para flexibilização no mesmo ritmo para as próximas reuniões, mas reconhecemos que a decisão de hoje (quarta-feira) aumentou o viés no sentido de uma redução no ritmo dos cortes em 2024.” |
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