O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de criar uma reserva oficial formada por Bitcoin (BTC), acabou não sendo o que o mercado esperava, pois será composta, ao menos inicialmente, apenas pelos ativos já apreendidos pelo governo, sem novas compras.

Paulo Gitz, estrategista-global da XP, participou do Morning Call da XP nesta segunda (10), e explicou que a alta registrada da criptomoeda no anúncio de criação da reserva estratégica, acabou sendo “devolvida” quando um novo comunicado deu detalhes da operação do governo.

Bastante prêmio

No entanto, o analista lembrou que o Bitcoin teve alta expressiva no segundo semestre do ano passado. “A performance (do Bitcoin) desde do início de outubro, quando a vitória de Trump (para a presidência) começou a se materializar, representou ganho de mais 40%. Então, ainda tem bastante prêmio com relação ao que estava o Bitcoin antes disso”, destacou.

Sobre a volatilidade do mercado dos Estados Unidos, segundo ele, a fase de correção técnica deve continuar. “Todo mundo esperava de Trump algo parecido com o primeiro mandato. Ele falava, falava, falava e derrubava o mercado. Quando o mercado caía, ele mudava de opinião, ou anunciava alguma coisa pró-mercado, e o mercado subia”, recordou.

“Dessa vez, parece que tem muito mais chão antes de acontecer alguma coisa pró-mercado”, afirmou.

Ajuste da economia

De acordo com Gitz, Trump tem falado com insistência da necessidade de ajustes na economia americana. O mesmo acontece com o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

“O Bessent chegou a dizer que estão mais preocupados com main street do que Wall Street, ou seja, eles estão preocupados com a indústria, os trabalhadores da indústria e com a economia real, mais do que o mercado financeiro”, comentou.

“Para quem espera um alívio do governo nesse sentido, acho difícil”, acrescentou. Para o estrategista, é hora de buscar “clareza maior sobre a economia real”. “Se os números continuarem desacelerando, de fato, parece que há um pouco mais de chão para cair o mercado (financeiro dos EUA)”, complementou.