Os argentinos começaram a se interessar mais por essa classe de criptomoeda a partir do ano passado, de acordo com Sebastián Serrano, CEO e cofundador da exchange argentina Ripio, para se proteger da inflação e da desvalorização do peso. “As stablecoins são um dos casos de uso mais fortes do universo cripto no mundo, e, combinado com as condições na Argentina, seu uso acaba sendo ainda mais forte”, falou. Quando Milei assumiu a presidência, no final do ano passado, a inflação no país estava na casa dos 221,4%, segundo o Instituto de Estatística e Censos da nação (Indec). De lá para cá, no entanto, o aumento dos preços de bens e serviços diminuiu, e a inflação anual desacelerou para 193% em novembro, caindo abaixo de 200% pela primeira vez desde que o político assumiu o cargo. Matias Bari, CEO e cofundador da plataforma argentina de criptos Satoshi Tango, disse para ao InfoMoney que essa busca por stablecoins atraiu principalmente os argentinos que antes compravam “dólar blue” (cotação paralela da moeda americana, muito popular na argentina). Segundo o empresário, a cripto preferida dos hermanos é a Tether (USDT), pareada no dólar na proporção de 1:1. “O USDT é uma stablecoin vinculada ao dólar americano, preferida entre as stablecoins por ser a mais usada e a de maior capitalização de mercado”, falou. A criptomoeda, emitida pela empresa Tether, é a terceira maior em capitalização, com US$ 135 bilhões de valor de mercado, perdendo apenas para o Bitcoin, com US$ 2 trilhões, e o Ethereum (ETH), com US$ 472 bilhões, segundo dados da plataforma CoinMarketCap. Apoio ao setorApesar do susto inicial com as propostas de Milei, que fizeram a população recorrer às stablecoins, as medidas implantadas pelo político e o apoio à indústria cripto também ajudaram o setor argentino a florescer. No final do ano passado, o presidente libertário autorizou a formalização de contratos com Bitcoin (BTC). Em junho deste ano, disse que não há problemas em usar criptomoedas para pagamentos no país. Já em novembro, durante o evento “Meta Day Argentina”, o político defendeu que os governos não deveriam controlar as criptomoedas, mas sim o setor privado. Essa defesa da liberdade financeira e a redução da intervenção estatal propostas pelo político, que se identifica como um anarcocapitalista (corrente que prega a eliminação do Estado), foram bem recebidas pelos cidadãos e pela comunidade cripto, criando um clima mais favorável para adoção e inovação, disse o argentino Pedro Gutiérrez, diretor Latam da exchange CoinEx. “A postura pró-cripto de sua administração, especialmente o reconhecimento do Bitcoin como uma alternativa financeira viável e a defesa pela liberdade monetária, gerou otimismo no setor”.
Mais Bitcoin na carteira
Trump, vale lembrar, é um apoiador da indústria cripto e prometeu transformar o país em uma superpotência do BTC. O que esperar para 2025?Em 2025, a expectativa dos players do setor é que ocorra um crescimento substancial no mercado de criptomoedas, não só na Argentina, mas no mundo todo, impulsionado pela crescente adoção institucional, inovação tecnológica e aceitação mais ampla dos ativos digitais como ferramentas financeiras legítimas. “Esse crescimento provavelmente será ainda mais apoiado pela clareza regulatória em mercados importantes, bem como pelo desenvolvimento de soluções baseadas em blockchain que abordem desafios do mundo real, como inclusão financeira e transações transfronteiriças”, disse Gutiérrez. Vale o aviso de que as criptomoedas são ativos considerados de alto risco, principalmente por causa da alta volatilidade. Por isso, especialistas costumam sugerir que o investidor avalie com muito cuidado a indústria cripto e aloque em ativos digitais apenas recursos que não são essenciais para o dia a dia. Esta reportagem é parte de uma série especial do InfoMoney sobre o primeiro ano de Javier Milei na presidência da Argentina. Confira os demais textos e acompanhe as novidades: |
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