O humor da cadeia produtiva de biodiesel mudou da água para o vinho no governo Lula. Não por questões políticas ou ideológicas, que fique claro, mas porque o biocombustível voltou a ser valorizado em Brasília. O percentual da mistura obrigatória do produto no diesel fóssil vendido no país voltou a aumentar em abril, para 12%, a promessa sobre a mesa é de novo incremento nos próximos meses e, além disso, os critérios para a elegibilidade da soja como matéria-prima para enquadramento da política RenovaBio poderão ser revistos.

O primeiro reflexo prático da onda favorável é o aumento da produção. Segundo Donizete Tokarski, CEO da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (União), o volume deverá alcançar 7,2 bilhões de litros em 2023, ante 6,4 bilhões no ano passado. Com isso, a ociosidade da indústria, que chegou a superar 50%, passou a diminuir, e novos projetos de produção de óleo de soja, a principal matéria-prima do biodiesel no Brasil, já começaram a sair do papel. Investimentos em novas usinas de biodiesel dependem da continuidade do aumento da mistura, mas estão previstos para os próximos anos.

“A leitura do atual governo sobre o biodiesel é diferente do que vimos no governo anterior. Há mais sintonia com as metas de descarbonização que o país tem que alcançar. Temos hoje mais apoio, do Ministério da Agricultura e da equipe técnica do Ministério de Minas e Energia, e estamos preparados para atender ao aumento do percentual de mistura de biodiesel no diesel”, afirmou Tokarski ao IM Business.

Levantamento feito em parceria pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e pelo Cepea/Esalq apontou que o PIB total da cadeia de soja e biodiesel deverá crescer 20,7% este ano em relação a 2022. Segundo a Abiove, o resultado no segundo trimestre foi positivo para as agroindústrias do segmento, e o biodiesel foi um dos destaques, graças ao aumento da mistura em abril.