![]() O Supremo Tribunal Federal (STF) foi palco nesta terça-feira (10) de um embate de versões sobre uma suposta ameaça de prisão a Jair Bolsonaro durante reunião ministerial em dezembro de 2022. O ex-presidente, sexto réu a depor na ação penal que envolve 31 pessoas, negou categoricamente ter sido ameaçado de prisão por comandantes militares, contradizendo relatos anteriores. O caso investiga uma suposta conspiração para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como figura central da trama, que teria envolvido militares de alta patente e autoridades do governo federal. Bolsonaro nega ameaça de prisãoQuestionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre a reunião em que teria sido apresentada a minuta golpista, Bolsonaro foi enfático: “Em nenhum momento, como vi depois nos autos, alguém me ameaçou de prisão se prosseguisse naquela missão”. O ex-presidente complementou sua negação com uma reflexão sobre a natureza das ordens militares: “Às Forças Armadas, missão legal dada é missão cumprida. Missão ilegal não é cumprida”. A declaração busca demonstrar que os militares não teriam apoiado ações ilegais, contradizendo a tese de uma conspiração golpista. Bolsonaro ainda fez uma declaração provocativa sobre quem defenderia um golpe: “Ao meu entender, tem que internar quem tivesse com uma intenção dessa natureza”, sugerindo que qualquer pessoa com intenções golpistas deveria ser internada. Contradições entre comandantes militaresA questão da voz de prisão tornou-se um dos pontos mais controversos da investigação, com versões conflitantes entre os próprios comandantes militares. O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, havia relatado à Polícia Federal que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-chefe do Exército, falou em prender Bolsonaro caso tentasse um golpe. Segundo Baptista Júnior, a declaração foi feita durante encontro convocado pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, em 14 de dezembro de 2022. “Não é uma coisa simples se esquecer do general tratando de uma hipótese de prisão”, afirmou o ex-comandante da Aeronáutica ao STF. Freire Gomes nega voz de prisãoNo entanto, o próprio general Freire Gomes contestou a versão de Baptista Júnior em depoimento ao STF em 19 de maio. “Eu teria dado voz de prisão ao presidente? Não aconteceu isso, de forma alguma”, declarou o ex-comandante do Exército. Freire Gomes admitiu ter alertado Bolsonaro sobre consequências legais, mas negou qualquer ameaça direta: “O que eu alertei ao presidente, sim, é que, se ele saísse dos aspectos jurídicos, até que ele não poderia contar com nosso apoio e poderia ser enquadrado juridicamente”. “Hipótese” versus “ordem” de prisãoA divergência entre os militares se concentra na natureza da declaração de Freire Gomes. Baptista Júnior fez questão de esclarecer que não se tratava de uma ordem, mas de uma hipótese: “Não foi ordem de prisão como vi na imprensa, foi hipótese. A minha palavra eu mantenho: por educação, ele disse ao presidente que por hipótese teria que prendê-lo”. Essa distinção semântica pode ser crucial para a avaliação do caso, pois uma “hipótese” sugere discussão teórica, enquanto uma “ordem” ou “ameaça” indicaria confronto direto entre o presidente e o comando militar. Momento crucial do processoO depoimento de Bolsonaro é considerado o momento mais crucial desta fase processual, especialmente após as revelações de Mauro Cid sobre o envolvimento direto do ex-presidente na elaboração de documentos golpistas. As contradições sobre a voz de prisão ilustram a complexidade de reconstituir os eventos de dezembro de 2022. A divergência entre as versões de Baptista Júnior, Freire Gomes e Bolsonaro sobre a suposta ameaça de prisão será fundamental para a avaliação dos ministros do STF. A credibilidade de cada depoimento e a consistência das narrativas podem influenciar significativamente o desenrolar do processo. |
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