![]() Um dia depois da derrota expressiva na Câmara, com a votação de urgência do projeto que derruba a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo Lula enfrentou nesta terça-feira (17) uma nova sequência de reveses no Congresso Nacional. Durante a sessão conjunta de deputados e senadores para análise de vetos presidenciais, parlamentares derrubaram medidas de interesse direto do Executivo em áreas como energia, política social e tributação. No final da sessão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), leu o requerimento de criação da CPI do INSS, abrindo caminho para a instalação da comissão. Diferentemente da véspera, integrantes da Secretaria de Relações Institucionais e líderes governistas circularam pelo plenário ao longo da sessão de forma mais ativa. Entre eles estava André Ceciliano, assessor da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, além do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que costurou parte dos acordos dos vetos. Além das movimentações de última hora, deputados aliados relatam que circulou nos corredores do Congresso a promessa de que o governo vai acelerar a liberação de emendas até o fim deste mês — um esforço para aliviar a pressão da base. O compromisso, segundo relatos de bastidores, é liberar R$ 2 bilhões em emendas parlamentares nos próximos dias. Esse movimento faz parte de uma tentativa mais ampla de recomposição política, em meio à insatisfação de líderes partidários com o ritmo da execução orçamentária. A crise atual é resultado de uma sequência de embates que vêm se acumulando desde o início do ano. Além das reclamações por falta de diálogo, deputados e senadores têm cobrado o pagamento de recursos prometidos em votações anteriores. A insatisfação ganhou força nos últimos meses com a demora na liberação de emendas e com o avanço de medidas do governo consideradas impopulares no Congresso. Entre os principais resultados da sessão desta terça-feira estão:
No caso da CPI do INSS, havia expectativa de que a leitura fosse adiada, mas Alcolumbre acabou fazendo o anúncio nos minutos finais da sessão. A expectativa agora é que o início efetivo dos trabalhos da comissão só ocorra após a liberação das emendas prometidas pelo governo. Líderes do Centrão avaliam que os resultados das últimas duas sessões reforçaram o peso político do bloco e expuseram a fragilidade do governo. Segundo um dirigente ouvido reservadamente, o Executivo terá de “abraçar as pautas do Congresso” daqui para frente, priorizando projetos de interesse dos parlamentares e evitando propostas que impliquem aumento de impostos. O ambiente de tensão é alimentado pela proximidade das eleições gerais de 2026 e pela perspectiva de uma nova disputa acirrada entre esquerda e direita. A queda popularidade do presidente Lula tem agravado o clima de desconfiança e dificultado as negociações. Na segunda-feira, a fragilidade da base governista ficou evidente com a aprovação, por ampla maioria, da urgência para o projeto que derruba o decreto do governo sobre o IOF. Como mostrou reportagem do GLOBO, partidos com ministérios na Esplanada foram responsáveis por 65% dos votos favoráveis à medida, em uma votação que explicitou a divisão na base e o desgaste da relação entre Planalto e Câmara. O placar foi lido por líderes da Casa como um recado direto ao presidente Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O governo, que já havia liberado a bancada antes da votação, não conseguiu conter a articulação suprapartidária que garantiu a vitória da urgência. As dificuldades enfrentadas nas últimas 48 horas aumentam a pressão por uma resposta mais efetiva do Palácio do Planalto para tentar conter a crise com o Legislativo. |
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