![]() Em um cenário global de envelhecimento populacional, baixa natalidade e hiper automação, o mercado de seguros do tipo Property & Casualty (P&C) – que abrange coberturas patrimoniais como residencial e automóvel – precisará se adaptar ao novo perfil de consumidor. No Brasil, a transformação já está em curso, com destaque para a valorização da experiência e a preocupação com o bem-estar. Segundo o relatório World Property & Casualty Insurance Report 2025, da consultoria Capgemini, compartilhado em primeira mão com o InfoMoney, 49% dos brasileiros pretendem aumentar seus gastos com melhorias no estilo de vida, superando a média global de 45%. Para Gustavo Leança, diretor de Seguros da consultoria, o dado revela uma mudança de comportamento significativa.
O levantamento ouviu 5.016 consumidores e 273 executivos globalmente, incluindo 353 clientes e 28 executivos no Brasil. De acordo com o estudo, a urbanização brasileira deve alcançar 92% até 2050, o que traz novos desafios para a precificação de riscos. Leia também: Conheça os seguros patrimoniais e suas principais coberturas Mudanças climáticas em focoOutro dado relevante apurado no levantamento é o de que 89% das seguradoras brasileiras já classificam a integração de dados climáticos como prioridade, diante da crescente frequência de eventos extremos. “A seguradora quer entender qual é o preço adequado para cobrir determinada região. Algumas áreas podem se tornar praticamente ‘inseguráveis’, com custos tão altos que inviabilizam o seguro”, explica Leança. Outro movimento em destaque é a “hiperpersonalização” na avaliação de riscos, com 46% das seguradoras que atuam no Brasil priorizando uma modelagem mais granular. Segundo o executivo, atualmente muitas análises ainda são feitas por cidade, mas já há esforços para entender o risco no bairro ou até na rua específica, impactando diretamente tanto na precificação quanto na comunicação com o cliente. Leia também: Tragédias climáticas como no Rio Grande do Sul expõem falhas de proteção no Brasil O estudo também indica que 45% dos brasileiros não planejam comprar ou reformar suas casas, em contraste com 70% da média global. Leança vê esse dado como reflexo da realidade socioeconômica do país. “Ter a casa própria ainda é um símbolo de conquista e status no Brasil. A desigualdade e o déficit habitacional fazem com que a mobilidade residencial seja menor por aqui.” Em resposta à tendência de envelhecimento e convívio entre gerações, o relatório projeta um futuro de seguros (ou serviços) multigeracionais, pensados para famílias que compartilham o mesmo lar.
Apesar da urgência em inovar, o Brasil ainda tem espaço para avançar. Apenas 14% dos executivos brasileiros entrevistados se consideram bem-posicionados em termos de desenvolvimento de novos produtos, ante média global de 35%. Ainda assim, o país vem avançando sua maturidade nos canais de distribuição, sobretudo pelo papel dos corretores, além das instituições financeiras – o chamado bancassurance. “A distribuição no Brasil é sólida, mas o digital ainda tem muito a evoluir. Há espaço para melhorar tanto o onboarding quanto os processos de sinistro [ocorrência do risco previsto no contrato de seguro]. A experiência do cliente precisa acompanhar essa transformação”, complementa Leança. Leia mais: CNseg: pagamento de indenizações tem alta anual de 15,5% no 1º quadrimestre Ambições do setorVale lembrar que o mercado segurador quer aumentar o número de pessoas atendidas por seguros no país em 20% até 2030, segundo o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS) anunciado em 2023 pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras). Segundo a entidade que representa as companhias que operam no setor no país, a ideia é que ao longo desse período haja mais acesso ao mercado, que inclui modalidades como previdência aberta, saúde suplementar e capitalização. Há também a expectativa que o pagamento de indenizações, benefícios, sorteios, resgates e despesas médicas e odontológicas alcance 6,5% do PIB brasileiro até 2030. Para 2025, a previsão da CNseg é de alta de 10,1% do setor, além de 6,4% de participação deste segmento no PIB. “Vamos caminhando para a meta do PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros) de alcançar 10% do PIB em 2030”, comentou Dyogo Oliveira, presidente da entidade, no fechamento de 2024. |
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