 O futuro da Braskem segue mais uma vez indefinido. Com a saída do fundo ligado ao empresário Nelson Tanure das negociações para assumir o controle da gigante petroquímica, a gestora IG4, especializada em reestruturação de empresas, tenta agora ganhar espaço nas negociações pelo controle da petroquímica, desenhando uma nova proposta com os bancos credores e os acionistas. A Novonor (ex-Odebrecht) detém 50,1% do capital votante da Braskem, enquanto a Petrobras possui 47%. O restante das ações está com acionistas minoritários. A Novonor tenta, desde 2018, buscar um novo sócio para a sexta maior petroquímica do mundo. De lá para cá, já houve negociações com LyondellBasell, J&F (holding da família Batista, da JBS), Apollo Global Management , Adnoc (a estatal de petróleo dos Emirados Árabes), Petrochemical Industries Company (PIC), subsidiária da Kuwait Petroleum Corporation (KPC), e a Unipar, principal rival brasileira da Braskem. Segundo fontes, o empresário Nelson Tanure, que havia contratado o Rothschild, saiu do negócio após um período de 90 dias de exclusividade nas negociações, através da Petroquímica Verde Fundo de Investimentos. No último dia 22, a Braskem informou ao mercado o encerramento do prazo de exclusividade. Passivo ambiental dificultaO principal entrave envolveu a indenização do desastre de Alagoas, já que não foram dadas garantias em relação às dívidas do episódio, quando a mina de sal-gema da companhia afundou o solo na região metropolitana de Maceió, gerando bilhões em perdas. Com isso, Tanure desistiu do projeto, afirmam fontes. Agora, a estratégia é que os bancos, que têm as ações da Braskem dadas como garantia por conta da recuperação judicial da Novonor, se tornem acionistas da companhia, por meio de um fundo que será administrado pela gestora IG4. Na prática, explicam fontes, eles passariam a controlar a Braskem, que seria reestruturada pela gestora. Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES se tornaram credores da Braskem em decorrência do processo de recuperação judicial da Novonor, cujas dívidas oscilam entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões. De acordo com estudos citados por fontes ouvidas pelo Globo, seria necessária uma capitalização de no mínimo US$ 3 bilhões para equacionar a situação financeira da Braskem. Hoje, a avaliação é que somente os bancos teriam fôlego financeiro para colocar dinheiro nessa capitalização. Em paralelo, os bancos e a IG4 pretendem ainda trabalhar na estruturação de um novo acordo político em Alagoas. “Sem um acordo futuro envolvendo Alagoas, qualquer investidor fica sem garantias”, explicou uma das fontes. Outro impasse, destacaram, é a negociação com a Petrobras, que, embora não queira se tornar controladora, deseja revisar o acordo de acionistas para ter poder de gestão na empresa. Esses dois pontos são hoje, avaliam as fontes, os principais imbróglios envolvendo o futuro da Braskem. Em recente entrevista ao Globo, Magda Chambriard, presidente da estatal, disse que não quer uma Braskem independente. “A Petrobras não concorda com a completa independência da Braskem. Na empresa, cada ativo trabalha por si, sem se relacionar com a diretoria colegiada que define os rumos. A gente não concorda. Precisamos exercer mais poder na Braskem. Queremos exacerbar as sinergias entre Petrobras e Braskem. Não é útil para a gente uma Braskem independente demais, porque a gente perde essa sinergia. E, perdendo sinergia, você deixa dinheiro sobre a mesa”, disse Magda. Enquanto isso, a Braskem está planejando vender suas operações nos Estados Unidos. De acordo com o colunista Lauro Jardim, a companhia estaria negociando com a Unipar as unidades industriais de produção de polipropileno no Texas, na Pensilvânia e em West Virginia. O negócio gira em torno de US$ 1 bilhão.
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