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Economia

BRF (BRFS3): positivo, mas cautela com ação continua; como analistas avaliam o sinal verde para o aporte de Salic e Marfrig na empresa

- 04/07/2023 12 Visualizações 11 Pessoas viram 0 Comentários
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A BRF (BRFS3), dona da Sadia e Perdigão, teve aprovação por seus acionistas e lançou a mercado uma oferta pública primária de ações que permitirá a concretização de um investimento da saudita Salic e da Marfrig (MRFG3) na companhia brasileira.

Em maio, Salic e Marfrig anunciaram um compromisso de investir até R$ 4,5 bilhões através de aumento de capital na BRF por meio da emissão de até 500 milhões de ações ao preço máximo de R$ 9. Na ocasião do anúncio, os ativos saltaram 12%; já nesta terça-feira (4), às 12h56 (horário de Brasília), os papéis subiam 1,57%, a R$ 9,05.

Ambas empresas se comprometeram ainda a participar da operação por meio de subscrições de até 250 milhões de ações cada. A oferta lançada pela BRF envolve um lote inicial de 500 milhões ações ordinárias, podendo ser acrescido em até 20%, a depender da demanda pelos papéis.

A operação tem valor indicativo de até R$ 5,35 bilhões, considerando o lote adicional de ações, com base na cotação da BRF no fechamento de 30 de junho, a R$ 8,91. A precificação da oferta está marcada para o dia 13 de julho.

Segundo a BRF, os recursos levantados com a operação irão reforçar sua estrutura de capital, mais especificamente, lidar com a redução do endividamento bruto.

Os acionistas da companhia ainda aprovaram a retirada da poison pill (pílula de veneno, ou regras relacionadas ao cálculo do preço por ação para ofertas públicas de aquisição de ações, ou OPA, por atingimento de participação relevante) do estatuto social a partir de um aumento de capital. Até então, a poison pill era acionada quando um investidor passa de 33,33% do capital da BRF. A Marfrig já tem 33,27% da BRF e, com a oferta, chegará a 38,7%, sendo que não disparar a OPA era condicionante da proposta de capitalização. Já após a oferta, a Salic deve ficar com cerca de 16% da BRF.

Sem essa cláusula, não há mais restrição para que a empresa deixe de ser uma corporation, de capital pulverizado, para ser uma empresa de controlador, com uma possível expansão de Marcos Molina (hoje na presidência do Conselho da BRF) no radar dos investidores.

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Olhando para o curto prazo, os analistas do Santander estimam entre R$ 400 milhões e 500 milhões em economia de despesas financeiras pela BRF, pois pretendem usar os procedimentos para reduzir a dívida bruta, com o menor ônus financeiro também permitindo que a administração se concentre mais na recuperação das operações versus gestão financeira.

Nesse contexto, a Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) pode chegar a cerca de 3 vezes no ano de 2024 (versus a projeção do banco de cerca de 3,8 vezes) e a geração de FCF (fluxo de caixa livre) pode ser positiva em cerca de R$ 270 milhões (versus a estimativa do Santander para um FCF negativo de por volta de R$ 90 milhões em 2024).

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“Dito isso, os riscos atuais relacionados à gripe aviária no Brasil nos impedem de sermos mais positivos na BRF, dados os efeitos negativos de um surto mais amplo poderia ter sobre o setor, mesmo considerando uma perspectiva favorável de custos para o segundo semestre de 2023”, apontam os analistas do banco, que possuem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 9, ou alta de 1% frente o fechamento de segunda-feira (3).

Para o Morgan Stanley, a notícia mostra uma evolução positiva, mas não um catalisador de ações, pois já foi amplamente
antecipado pelo mercado. Os analistas do banco têm recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra), com preço-alvo de R$ 8,60, ou baixa de 3,5% frente o fechamento da véspera.

“Os desafios continuam a ser uma realidade”, avaliam. Por outro lado, embora possa haver incertezas sobre o preço da oferta, neste momento os analistas veem potencial de alta para as suas estimativas do lado operacional, com base nos preços mais baixos do milho no segundo semestre de 2023 e, caso a oferta seja bem-sucedida, que também haja menores despesas financeiras.

A projeção do Morgan é de que a BRF possa economizar entre R$ 550 milhões e 650 milhões ao ano em despesas financeiras (cerca de 25-30% de suas despesas atuais relacionadas à dívida).

De acordo com o consenso Refinitiv, de 12 casas que cobrem as ações BRFS3, 9 recomendam manutenção, 2 compra e 1 venda, com preço-alvo médio de R$ 10,20 (alta de 14% em relação ao fechamento da véspera).




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