A montadora de carros elétricos BYD informou que decidiu encerrar o contrato com a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil, que mantinha 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão nas obras da nova fábrica da companhia, em Camaçari (BA). O caso foi descoberto por uma força-tarefa do Ministério Público do Trabalho (MPT) Em nota, a BYD Auto do Brasil, braço da empresa de origem chinesa no país, afirmou ter recebido a notificação do MPT sobre as irregularidades ontem (23). “A BYD Auto do Brasil reafirma que não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana. Diante disso, a companhia decidiu encerrar imediatamente o contrato com a empreiteira para a realização de parte da obra na fábrica de Camaçari (BA) e estuda outras medidas cabíveis”, diz em nota. A companhia determinou a transferência dos 163 trabalhadores para hotéis da região. A montadora alega que realizou, ao longo das últimas semanas, uma “revisão detalhada” das condições de trabalho e moradia de todos os funcionários das construtoras terceirizadas responsáveis pela obra, notificou essas empresas por diversas vezes e promoveu “ajustes que se comprovavam necessários”. LEIA MAIS: “Eu confio na BYD”, diz governador da Bahia sobre investigação do MP do Trabalho Segundo o MPT, os trabalhadores resgatados eram submetidos a jornadas de trabalho que excedem o permitido na legislação brasileira e não teriam período de folga, além de terem 60% do salários retido e serem obrigados a pagarem um “caução” – valores que eram perdidos em caso de rescisão antecipada do contrato, que também implicava na restituição à Jinjiang do valor da passagem de ida até Camaçari. O MPT listou ainda problemas relacionados à falta de colchões em camas, quantidade insuficiente de banheiros e , falta de assentos sanitários.
Parte da obra da nova fábrica da BYD foi interditada pelo MPT. Uma audiência virtual entre Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho, BYD e Jinjang está marcada para quinta-feira, 26 de dezembro. |
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