 À medida que as temperaturas se aproximavam dos 32 graus no Estádio TQL, em Cincinnati, no último sábado, para uma partida de futebol da Copa do Mundo de Clubes, o time alemão do Borussia Dortmund postou nas redes sociais: “Nossos reservas assistiram o primeiro tempo de dentro do vestiário para evitar o sol escaldante — nunca vimos isso antes, mas com esse calor, faz todo sentido.” A mensagem foi acompanhada por uma foto dos jogadores que normalmente estariam no banco, sentados de shorts e camisetas ao redor de uma mesa com bebidas. Jogadores, técnicos e torcedores já estavam preocupados com as altas temperaturas nas partidas da primeira semana da Copa do Mundo de Clubes, e agora uma onda de calor nos Estados Unidos está elevando ainda mais as temperaturas. “A partida foi claramente influenciada pela temperatura”, disse Luis Enrique, técnico do campeão europeu Paris Saint-Germain, após o jogo de abertura contra o Atlético de Madrid em Los Angeles, que começou ao meio-dia no horário local. “O horário é ótimo para o público europeu, mas os times estão sofrendo.” Nesta semana, partes do país devem ficar ainda mais quentes, incluindo locais onde os jogos de futebol estão acontecendo. Oito das 11 cidades-sede ficam na Costa Leste. O horário das partidas neste torneio é uma preocupação, com 35 dos 63 jogos começando antes das 17h no horário local, e 15 deles iniciando ao meio-dia. Apenas dois desses jogos ao meio-dia estão sendo realizados no Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, que é o único estádio participante com cobertura. Teste para a Copa de 2026Este torneio é uma espécie de teste antes da Copa do Mundo de 2026, que será disputada simultaneamente nos Estados Unidos, Canadá e México na mesma época do ano. A abordagem da Fifa para proteger jogadores e torcedores nessas condições deve ser alvo de maior atenção. “É difícil, mas temos que nos acostumar porque o torneio está aqui, e no próximo ano a Copa do Mundo também estará aqui”, disse Aurelien Tchouameni, meio-campista da França e do Real Madrid. Jogadores e técnicos têm usado toalhas frias e gelo, aplicando-os na nuca ou sobre a cabeça durante os intervalos. AdaptaçõesNa base de treinamento do Real Madrid em Miami, o clube instalou tendas aquecidas entre as estruturas temporárias para simular as condições que os jogadores enfrentariam. As temperaturas dentro das tendas podem variar de 35 a 50 graus Celsius, e a umidade sobe de cerca de 30% para 80% ao final da sessão. Times como Manchester City e Juventus têm usado os treinos para acelerar a adaptação ao calor, com o técnico do City, Pep Guardiola, realizando longas sessões de treino no calor intenso da Flórida, na base do time em Boca Raton. A sessão da última sexta-feira durou quase duas horas com temperaturas acima de 32 graus. Phil Foden, meio-campista do City, disse após a vitória na partida de abertura (com início ao meio-dia, na Filadélfia) que ele e seus companheiros tentaram jogar mais com posse de bola para lidar com as condições. A Juventus tem ajustado seus horários de treino para coincidir com os horários de início dos jogos, com o defensor Lloyd Kelly dizendo à imprensa após o jogo de abertura que o time treinou “nos últimos 10 dias nos horários mais quentes do dia.” A partida contra o Al Ain teve início às 21h na última quarta-feira, mas apesar do horário mais tardio, as condições em Washington ainda estavam quentes e úmidas, tanto que após o jogo, o atacante americano Timothy Weah disse aos repórteres: “Joguei apenas um tempo, e parecia que eu estava morrendo lá fora. Estava realmente quente.” Torcedores também sofremOs torcedores que assistem aos jogos também têm sofrido com o calor. Os maiores problemas ocorrem nos estádios abertos, onde há pouca ou nenhuma sombra para os espectadores. No jogo do Palmeiras contra o Al Ahly na quinta-feira, que começou ao meio-dia no MetLife Stadium, em Nova Jersey, os torcedores mudaram de lugar para tentar ficar em áreas sombreadas e, no intervalo, lotaram o interior do estádio em busca de abrigo e acesso a água. Os brasileiros não são estranhos ao calor intenso, mas os torcedores do Palmeiras que viajaram não gostaram do horário cedo para o jogo, com um fã dizendo ao The Athletic: “No Brasil, nossos jogos de campeonato não começam antes das 16h ou 17h. Esse não é um bom horário.” Torcedores do clube egípcio Al Ahly expressaram sentimento semelhante. Muitos levaram crianças ao jogo e passaram parte da partida buscando áreas com ar-condicionado para escapar do calor. A única referência a condições climáticas extremas no regulamento da Fifa para o torneio é o uso de pausas para resfriamento. Essas pausas são implementadas por volta dos minutos 30 e 75 quando uma medida que considera calor, umidade, vento e luz solar ultrapassa 32 graus no campo. As pausas permitem que os jogadores se hidratem e usem medidas de resfriamento, como toalhas de gelo, e podem durar de 90 segundos a três minutos. A FIFA afirmou que seus especialistas médicos “estão em contato regular com os clubes para tratar da gestão do calor.” Também disse estar trabalhando com autoridades médicas locais. O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA está colaborando com a Fifa para desenvolver planos para as 11 cidades americanas que sediarão jogos da Copa do Mundo no próximo ano. Uma vantagem é que alguns locais não usados neste verão, como o AT&T Stadium em Dallas e o NRG Stadium em Houston, são estádios cobertos. Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times. c.2025 The New York Times Company
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