 O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta quinta-feira (17), que, embora a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) tenha mostrado uma divisão entre os diretores da autarquia sobre o tamanho do corte na taxa básica de juros (a Selic, atualmente em 13,25% ao ano), há uma leitura unânime no colegiado de que o ritmo de 0,5 ponto percentual no afrouxamento monetário é adequado e que o sarrafo para uma aceleração no movimento é alto. Em entrevista ao jornal digital Poder360, Campos Neto disse que a divisão entre cortes de 0,25 p.p. e 0,50 p.p. observada no último encontro do comitê na verdade representou uma divergência entre os diretores construída na reunião anterior, em que uma parte do comitê votou por “fechar a porta” para o início do ciclo de cortes na Selic em agosto. Segundo ele, este grupo foi responsável pelo voto mais “hawkish” (conservador) e que tal posição somente se observou entre esses diretores após novos dados econômicos, como a decisão de manutenção da meta de inflação em 3% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e seus reflexos nas expectativas do mercado, além da própria dinâmica dos preços entre as duas reuniões. Cupom exclusivo InfoMoney Expert XP 2023 Garanta 5% de desconto no seu ingresso da Expert XP 2023. Cadastre-se e receba o seu cupom “Esse Copom (de agosto) carregou uma divisão que tinha no outro Copom. No Copom anterior (realizado em junho), havia uma divisão muito grande se a gente devia fazer uma comunicação deixando a porta aberta ou fechada. A gente ainda não sabia qual era a meta ainda de inflação nem o que a nova meta ia gerar em termos de expectativas de inflação no mercado”, explicou. “Além disso, na dinâmica de inflação de curto prazo, algumas pessoas entendiam que a inflação de serviços ia começar a mostrar uma cara melhor e ia trazer uma expectativa melhor de dinâmica de inflação à frente. E havia outras pessoas que tinham um pouco mais de dúvida”, prosseguiu. De acordo com o presidente do BC, entre uma reunião e outra, as expectativas para a inflação caíram da faixa entre 3,8% e 3,9% para o acumulado de 12 meses para um patamar próximo a 3,5%. “Algumas pessoas achavam que, mesmo tomando a decisão de 3%, a expectativa não ia cair – e ela acabou caindo. E a dinâmica de inflação se mostrou um pouco melhor”, disse. “Quando a gente vai para o último Copom, na verdade carregamos uma divisão. Quem queria deixar a porta fechada naturalmente poderia votar por zero, porque deixou a porta fechada. Como houve algumas mudanças ao longo do caminho, essas pessoas que queriam deixar a porta fechada votaram por [um corte de] 25 [pontos-base], e as pessoas que queriam deixar a porta aberta entendiam que já existiam condições para iniciar um ciclo com ritmo de 50 [pontos-base]. E o que foi unânime foi que 50 [pontos] é um ritmo apropriado e agora entendemos que a barra para aumentar o ritmo é bastante alta. Enxergamos um ciclo em que o ritmo de 50 [pontos-base] é apropriado”, salientou.
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