Desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24), as ações do Carrefour Brasil (CRFB3) registram uma derrocada de cerca de 17%, apesar dos números considerados positivos por analistas, puxados por forte desempenho da receita no atacarejo Mas o que tem afetado as ações? Para o mercado, justamente um dos pontos fortes do próprio balanço. O Bradesco BBI aponta que a queda ocorre devido a preocupações sobre potenciais consequências da nova política de parcelamento de 3 meses sem juros, que levaram à alta do faturamento. Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita Na visão dos analistas do BBI, a economia unitária de curto prazo parece acumulativa: o banco vê uma forte contribuição de 4-5 pontos percentuais (pp) para o crescimento do 2T24 da política de parcelamento de 3 meses e uma margem EBT (lucro antes de tributo sobre receita) de caixa incremental de aproximadamente 7%. As necessidades negativas de capital de giro no Cash & Carry podem levar a um ROIC (retorno sobre o capital investido) incremental positivo, mas condicionado a vendas incrementais positivas (ou seja, nenhuma canibalização de vendas existentes). Diante disso, o banco vê a liquidação das ações como parcialmente justificada, pois a recuperação das vendas da empresa foi financiada por uma dívida maior devido a desconto de recebíveis, enquanto a iniciativa pode desencadear o que vê como o principal risco: deterioração da dinâmica competitiva. O Bank of America destaca em relatório que a expansão nacional das políticas de parcelamento com juros zero do Carrefour Brasil no Atacadão deve provavelmente se manter. Essa medida adicionaria cerca de R$ 2,1 bilhões em financiamento incremental a um custo anual de mais de R$ 250 milhões, considerando as taxas de juros vigentes. “O custo adicional e o afastamento da exposição mais simples ao conceito de baixo custo/preço baixo geraram uma ampla decepção no mercado e uma acentuada queda subsequente nas ações do CRFB3 e de seu maior concorrente no segmento de atacarejo, o Assaí (ASAI3)”, reforça o banco. Por outro lado, aponta o BofA, um pequeno aumento nas vendas pode levar a um aumento no lucro. Os analistas estimam ainda que níveis relativamente modestos de melhoria nas vendas poderiam cobrir as despesas de juros adicionais e há potencial para aumento no lucro por ação (LPA). Além disso, apontam que os recebíveis de cartão de crédito brasileiros são altamente negociáveis, apresentam risco de contraparte de qualidade bancária e podem ser facilmente retirados do balanço. O banco americano também ressalta que a modalidade de pagamento do Atacadão segue movimentos regionais no Norte e Nordeste. “Esperamos que os requisitos de capital de giro criem pressão adicional para pequenos e regionais concorrentes nos conceitos de atacarejo e supermercado, que não conseguem financiar ou igualar os custos de capital de giro, acelerando a consolidação do mercado”, avalia. Para o BofA, se as taxas de juros aumentarem drasticamente, o CRFB3 provavelmente deve encerrar os planos de pagamento parcelado. No entanto, aumentos modestos nas taxas de juros podem pressionar a lucratividade ou levar a administração a repassar os custos mais altos aos consumidores. Um aumento de 1 ponto percentual nas despesas de empréstimos adicionais teria um impacto de menos de 1% no lucro por ação, caso o Atacadão absorvesse totalmente as despesas adicionais. Compra segue para as açõesO BofA reiterou recomendação de compra para as ações do Carrefour Brasil, assim como o BBI, mesmo em meio às dúvidas sobre a companhia. Por enquanto, o BBI introduziu uma estimativa de crescimento de receita mais forte no 2S24 para o Atacadão (+9% versus cerca de 7,5% anteriormente), enquanto também manteve suas premissas para 2025-26 em torno de 10%. Por outro lado, elevou os resultados financeiros líquidos devido a recebíveis de factoring mais altos, limitando as revisões do lucro líquido. “Em geral, mantemos nosso preço-alvo esperado para 2025 de R$ 17,00, dada a assimetria de valor considerando o atual múltiplo P/L projetado”, aponta. |
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