O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio de Serviços (MDIC) divulgou nesta quarta-feira (14) as onze montadoras e 31 modelos (em 233 versões) que aderiam ao programa de descontos para carros “populares” lançado pelo governo federal em 5 de junho. O anúncio do governo conta com apenas “nove montadoras”, mas o MDIC considerou Fiat e Jeep como uma única montadora e Peugeot e Citroën também como uma. Por isso, na prática, são 11 marcas participantes. Vale lembrar que as quatro montadoras mencionadas fazem parte do grupo automotivo Stellantis. Apesar disso, juridicamente ainda são duas empresas e CNPJs diferentes: a FCA Fiat Chrysler, que inclui a Jeep, e PSA Peugeot Citroën, conforme a assessoria do grupo explicou ao InfoMoney. Além disso, o MDIC divulgou 31 modelos, considerando o Toyota Yaris e sua versão sedã como apenas um carro. No entanto, na prática, são dois veículos diferentes. Sendo assim, são 32 modelos ofertados conforme a lista abaixo). As montadoras de carros que aderiram ao programa são:
A lista de 31 modelos e 233 versões é dinâmica, ou seja, as montadoras podem a qualquer momento incluir outros modelos, desde que comuniquem o MDIC. A planilha que o governo compartilhou oferece marca, modelo, pontuação no programa e desconto concendido pelo patrocínio federal — sendo o maior desconto R$ 8 mil, teto do programa, para uma versão do Renault Kwid e três versões do Fiat Mobi. Mas a maioria das montadoras ofereceram descontos extras por conta própria, conforme o InfoMoney antecipou, e os descontos, na prática, chegam a R$ 14,5 mil. Caoa Chery fora?Antes mesmo da divulgação oficial, o InfoMoney se antecipou e procurou as 11 montadoras que poderiam aderir ao programa — Caoa Cherry, Chevrolet, Citroën, Fiat, Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen —, questionando quais modelos e versões serão contemplados pelos descontos (e quais são os novos preços). Caoa Chery não foi citada no comunicado do governo como montadora participante. O InfoMoney questionou a empresa, já que ela divulgou modelos com descontos (veja abaixo). A Volkswagen foi a primeira empresa a divulgar os novos valores, com um desconto extra de até R$ 5 mil além do subsídio do governo. Horas depois, Fiat e Citröen também atualizaram suas tabelas de preços, com reduções de até R$ 14,5 mil em algumas versões (e reduções que chegam a 16,3% ao consumidor). Na sequência vieram os anúncios de Hyundai, Peugeot e Toyota, com descontos de até 14,9% (ou R$ 12,3 mil), ainda na semana passada. Nesta semana foi a vez de Chevrolet, Caoa Chery e Nissan confirmaram os valores de seus modelos (elas têm 6 modelos e mais de 20 versões com descontos de até R$ 10 mil). Apenas a Honda e a Renault não enviaram as informações solicitadas à reportagem do InfoMoney. A Honda tem apenas um veículo na faixa de preço do programa, e a Renault divulgou apenas o preço do Kwid Zen 1.0, seu carro “de entrada”, até o momento (ele e o Fiat Mobi Like agora custam menos de R$ 60 mil). Ambas, no entanto, são citadas pelo governo como montadoras participantes. A Renault tem 12 versões na lista compartilhada pelo governo. No entanto, a Honda não aparece no documento compartilhado pelo ministério. O InfoMoney também entrou em contato com a montadora japonesa para entender a situação. Recursos solicitadosNo comunicado, o governo explicou que todas elas solicitaram inicialmente o máximo de recursos permitidos no momento de adesão ao programa. “Ou seja, R$ 10 milhões cada uma, sendo que seis delas (Volks, Hyundai, GM, Fiat, Peugeot e Renault) já pediram crédito adicional de mais R$ 10 milhões”. A soma (R$ 150 milhões), incluindo os créditos adicionais já solicitados, representa 30% do teto de R$ 500 milhões que poderão ser usados pelas empresas como crédito tributário para venda de carros mais baratos. Segundo o ministério, à medida em que usarem os montantes solicitados, as montadoras podem pedir créditos adicionais. Essa possibilidade se esgota quando o teto de R$ 500 milhões for atingido. Programa de descontosNo caso dos carros, os descontos variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil para modelos de até R$ 120 mil (entre 1,6% e 11,6% do valor “antigo”). A porcentagem da queda acontecerá conforme o cumprimento das 3 variáveis (veja aqui como calcular o desconto do veículo a partir dessas variáveis):
Desconto vai afetar também os usados (e a bolsa)O programa do governo deve ter impactos não só no mercado de carros 0 km: a queda nos preços deve também baratear os carros usados, segundo especialistas. Eles dizem também que a medida deve aumentar o leque de opções de usados para o consumidor e fomentar a competição entre novos e seminovos, possibilitando uma maior barganha na negociação. O mercado acionário também já sente a influência dos descontos. A Localiza (RENT3), por exemplo, prevê um impacto entre R$ 575 milhões e R$ 650 milhões (antes de impostos) nos resultados do segundo trimestre. O efeito representa entre 1,3% a 1,5% do valor da frota da empresa no final do primeiro trimestre. “A redução súbita nos preços dos carros novos reverbera também nos carros seminovos. Deste modo, já observamos em nossas operações, a necessidade de redução dos preços praticados para venda dos carros desativados, após o uso no aluguel”, destacou a Localiza em comunicado ao mercado. Créditos tributáriosO programa para a renovação da frota será custeado por meio de créditos tributários (descontos concedidos pelo governo aos fabricantes no pagamento de tributos futuros). Em troca, a indústria automotiva se comprometeu a repassar a diferença ao consumidor. Foram destinados R$ 1,5 bilhão à medida, dos quais R$ 700 milhões são créditos tributários para a venda de caminhões; R$ 500 milhões, para carros; e R$ 300 milhões, para vans e ônibus. Para compensar a perda de arrecadação, o governo vai reverter parcialmente a desoneração sobre o diesel, que vigoraria até o fim do ano. Com isso, R$ 0,11 dos R$ 0,35 de PIS/Cofins que estão zerados serão reonerados a partir de setembro. |
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