 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que endurece as penas para crimes envolvendo a divulgação, ameaça de divulgação e produção não autorizada de imagens íntimas — inclusive quando essas imagens forem manipuladas com o uso de inteligência artificial. A proposta ainda precisa passar pelo plenário da Casa. O projeto avança sobre lacunas da legislação atual ao prever punições para novos crimes digitais, como o chamado deepfake porn — vídeos falsos de teor sexual criados com ferramentas de IA. O que mudaA proposta estabelece que a ameaça de divulgar conteúdo íntimo de uma pessoa, como fotos ou vídeos de nudez ou em ato sexual, será enquadrada como crime de extorsão, com pena de 4 a 10 anos de reclusão e multa. Também passa a ser considerado crime de estupro o ato de constranger alguém a manter relação sexual sob ameaça de vazamento de imagens íntimas — conduta que será punida com reclusão de 6 a 10 anos. O projeto ainda aumenta a pena para quem produz ou registra, sem consentimento, conteúdo íntimo, como cenas de nudez ou atos sexuais. A pena atual, que é de detenção de 6 meses a 1 ano e multa, passará para reclusão de 1 a 2 anos e multa. Além disso, o texto amplia o escopo da criminalização para incluir quem: - Realizar montagens — por foto, vídeo ou áudio — para inserir pessoas em cenas íntimas, inclusive com uso de inteligência artificial;
- Filmar ou fotografar partes íntimas da vítima sem autorização;
- Coagir alguém a produzir imagens íntimas contra a vontade.
Inovação no combate ao crime virtualA relatoria do projeto incorporou novas tecnologias ao escopo penal. “Essa poderá ser uma das primeiras legislações no Brasil voltadas ao contexto da inteligência artificial”, afirmou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), durante a votação. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que também apoiou o texto, destacou o aumento de crimes virtuais envolvendo adolescentes e a urgência de modernizar a legislação. “O anonimato na internet facilita práticas de abuso. Precisamos proteger nossas crianças e adolescentes contra esse tipo de violência crescente”, disse. Próximos passosA proposta segue agora para o plenário da Câmara, onde será submetida à votação final. Se aprovada, ainda passará pelo Senado. O projeto é visto como uma resposta à explosão de crimes digitais envolvendo o uso de tecnologias de edição de imagem e inteligência artificial, que têm se tornado cada vez mais acessíveis e difíceis de rastrear.
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