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Economia

Cenário fiscal dos EUA preocupa, mas Big Techs e IA seguram otimismo, dizem gestores

- 04/06/2025 1 Visualizações 1 Pessoas viram 0 Comentários
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Em meio ao ambiente de juros elevados, tensões geopolíticas e um pacote fiscal controverso nos Estados Unidos, a XP Investimentos ouviu 11 das principais gestoras internacionais de fundos para entender como elas estão se posicionando diante de um cenário global de incertezas.

A rodada de pesquisa com os gestores de fundos globais revelou que, apesar da deterioração fiscal americana e dos riscos oriundos da guerra comercial, há confiança na resiliência da economia dos EUA — especialmente nos setores ligados à tecnologia e inteligência artificial.

Os gestores destacam que os EUA seguem como epicentro dos riscos globais, mas também da maioria das oportunidades. A robustez estrutural do mercado de trabalho, aliada ao avanço de setores inovadores, como o de IA, sustenta uma perspectiva ainda positiva. O crescimento global pode até ser fraco, mas não necessariamente recessivo, de acordo com 91% dos entrevistados.

As gestoras também ressaltam a importância de uma gestão ativa e seletiva neste momento. A preferência é por ativos de qualidade, com foco em geração de caixa e resiliência — tanto na renda fixa quanto na variável. Entre as oportunidades mencionadas estão ações de empresas pagadoras de dividendos, papéis de baixa volatilidade e investimentos em fundos de mercados emergentes.

Estados Unidos: risco e oportunidade no mesmo pacote

O pano de fundo fiscal dos EUA voltou ao centro do debate, especialmente após o rebaixamento da nota de crédito americana e a aprovação de um novo pacote fiscal pelo governo Trump. A dívida pública do país já supera 120% do PIB, e isso levanta dúvidas sobre sua sustentabilidade a longo prazo. A consequência tem sido o aumento dos juros de longo prazo, valorização do dólar e maior volatilidade global.

Apesar disso, a performance dos ativos de risco deu sinais de recuperação em maio, impulsionada pela força das big techs e pela perspectiva de arrefecimento na guerra comercial. O cenário, no entanto, segue delicado. O aumento dos custos com tarifas pressiona margens e aumenta a imprevisibilidade nos mercados.

Dentro do universo de renda variável, os fundos com foco nos EUA mostraram retomada, após resultados negativos em abril. Já os fundos com exposição à Europa se destacaram com alta de 26,5% no acumulado do ano, refletindo o movimento de rotação de capital em busca de oportunidades fora do mercado americano.

Na renda fixa, os fundos voltados a mercados emergentes e América Latina lideraram os ganhos, com altas de 5,4% e 4,9% no ano, respectivamente.

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Juros e inflação: gestores projetam alívio gradual

Segundo a pesquisa, 82% dos gestores esperam uma queda gradual nos juros tanto nos Estados Unidos quanto no restante do mundo ao longo dos próximos 12 meses. Ainda assim, prevalece a visão de que os bancos centrais manterão um tom mais restritivo no curto prazo, de modo a controlar os efeitos persistentes da inflação e da instabilidade geopolítica.

Sobre a inflação, o cenário está dividido. A maioria (64%) acredita que os preços continuarão acima das metas, mas sem aceleração abrupta. Já 18% veem risco de reaceleração ainda em 2025, puxada por tarifas comerciais e pelo impacto do pacote fiscal americano. Uma minoria (18% no mundo e 9% nos EUA) já não vê mais a inflação como o principal problema macroeconômico atual.

Quando o tema é recessão nos EUA, 73% dos gestores ainda apostam em um “pouso suave”, ou seja, crescimento fraco, mas sem retração econômica. No entanto, 27% já incluem alguma possibilidade de recessão no radar: 9% no curto prazo e 18% mais para o final de 2025.

Seleção e cautela: o norte da alocação global

Mesmo diante da instabilidade, os gestores mostram disposição para identificar oportunidades. A busca está centrada em ativos resilientes, com foco em qualidade e capacidade de geração de caixa. Na renda variável, o consenso é que a seletividade é a chave — ações ligadas a tecnologia, crescimento sustentável e dividendos seguem entre as preferidas.

Na renda fixa, fundos que investem em mercados emergentes — como América Latina — continuam ganhando força. Além disso, os fundos high yield vêm se destacando pela resiliência frente a outras classes de ativos, ainda que com maior exposição ao risco de crédito.

Participaram da pesquisa nomes de peso como Abrdn, Ashmore Investment, Axa Investments, JP Morgan Asset, Wellington Management, Western Asset, Morgan Stanley, WHG, SPX e PearlDriver. A condução do levantamento foi feita por Fabiano Cintra, Clara Sodré, Victor Mazzoneto e José Pini, todos integrantes da equipe de análise de fundos internacionais da XP.

A sondagem, realizada entre os dias 9 e 20 de maio de 2025, serve como termômetro do sentimento dos principais players globais — e aponta para um mundo em compasso de espera, mas com espaço para manobras oportunistas bem informadas.




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