![]() A China alertou os Estados Unidos a “não brincarem com fogo” na madrugada de domingo (tarde de sábado em Brasília) após o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, afirmar que Pequim se prepara para invadir Taiwan e “dominar e controlar” a Ásia. O incidente diplomático acontece em um momento em que a relação entre os dois países se acirra em diversas frentes, incluindo em razão da guerra comercial iniciada por Donald Trump, que planeja ampliar restrições ao setor de tecnologia chinês. “Os Estados Unidos não devem tentar usar a questão de Taiwan como um trunfo para conter a China e não devem brincar com fogo”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da China em comunicado na madrugada deste domingo, acrescentando que apresentou um protesto oficial aos EUA. A diplomacia chinesa se referia a um discurso do secretário de Defesa americano durante o fórum Diálogo Shangri-La, em Cingapura, que reúne anualmente autoridades de segurança e defesa do continente e do resto do mundo. Em seu discurso no sábado (ainda sexta-feira em Brasília), Hegseth afirmou que a China está “se preparando para o potencial uso da força militar” para alterar o equilíbrio de poder na Ásia, uma região que deseja “dominar e controlar”, acrescentando que as forças chinesas estão aprimorando suas capacidades, treinando diariamente, para invadir Taiwan. “A ameaça que a China representa é real e pode ser iminente”, afirmou Hegseth, acrescentando que Pequim “espera dominar e controlar” a Ásia. “É de conhecimento público que Xi [Jinping, presidente chinês] ordenou que suas Forças Armadas estivessem aptas a invadir Taiwan até 2027. O Exército Popular de Libertação está construindo as Forças Armadas para fazer isso, treinando para isso todos os dias e ensaiando para a ação real”. Leia também: Setor automotivo da China critica ‘concorrência desleal’ após cortes de preços da BYD A China, que não enviou nenhum alto funcionário ao fórum neste ano — o que não acontecia desde 2019 —, condenou a fala de Hegseth em várias instâncias. A embaixada chinesa em Cingapura disse que o discurso do chefe do Pentágono estava “imerso em provocação e incitação”. O representante chinês, Contra-Almirante Hu Gangfeng, denunciou, sem se referir diretamente a Hegseth, “acusações infundadas” que visam “semear problemas, criar divisões, incitar confrontos e desestabilizar a região da Ásia-Pacífico”. A declaração de Hegseth ocorreu no mesmo dia em que a agência Reuters revelou, com base em duas autoridades americanas que falaram sob anonimato, que os EUA planejam ampliar a venda de armas para Taiwan. Segundo uma das fontes, as notificações de vendas poderiam “facilmente exceder” os US$ 18,3 bilhões aprovados entre 2017 e 2021, além dos cerca de US$ 8,4 bilhões registrados durante o governo Biden. Leia mais: Apetite de Trump para punir Putin está prestes a passar por um teste crucial; entenda Hegseth aproveitou o discurso para fazer um apelo aos parceiros de Washington para que aumentem seus gastos militares para conter a China. “Os aliados dos EUA no Indo-Pacífico podem e devem atualizar rapidamente suas próprias defesas”, disse o chefe do Pentágono no Diálogo Shangri-La, em Cingapura, acrescentando que “a dissuasão não sai barata”. Em uma tentativa de projeção de força, o secretário de Defesa americano afirmou que os Estados Unidos estão “de volta” na região, que classificou como uma das prioridades da Casa Branca. “Os Estados Unidos têm orgulho de estar de volta ao Indo-Pacífico, e viemos para ficar”, disse ele, chamando a região de “nosso teatro prioritário”. (Com AFP) |
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