Senadores e deputados que fazem oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protocolaram, nesta segunda-feira (9), o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento foi entregue pouco depois das 16 horas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – que já declarou publicamente ser contrário ao impedimento do magistrado. De acordo com os parlamentares oposicionistas, o pedido de impeachment conta com o apoio de 153 deputados e mais de 1,4 milhão de assinaturas de cidadãos brasileiros. Muitas delas foram colhidas na manifestação do último sábado (7), em São Paulo (SP), que pedia o afastamento do ministro do Supremo. O pedido de impeachment tem como base as reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo que revelam que Moraes teria usado métodos “informais” e seguido ritos não convencionais para obter provas que incriminassem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados. O jornal teve acesso a mais de 6 gigabytes de arquivos e diálogos por mensagens, trocadas de forma não oficial, que revelariam um fluxo fora do rito tradicional envolvendo o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para abastecer o chamado inquérito das “fake news”. O documento também menciona a decisão de Moraes de suspender o funcionamento do X (antigo Twitter) no Brasil, em decisão monocrático que, dias depois, foi chancelada pela Primeira Turma do STF. Segundo os oposicionistas, o bloqueio da plataforma é uma censura e não encontra amparo legal. Rito no SenadoCabe ao Senado analisar eventuais pedidos de impeachment de ministros do Supremo. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, decidirá se dá andamento ao processo ou o manda para o arquivo. De acordo com os parlamentares da oposição, a maioria ligados a Bolsonaro, o pedido não conta com assinaturas de senadores para que não haja “suspeição” caso o impeachment vá ao plenário. Moraes já foi alvo de quase duas dezenas de pedidos de impeachment no Senado, mas nenhum deles avançou até o momento. Parlamentares da oposição acusam Pacheco de travar o processo. O novo pedido da oposição cita uma série de alegações contra Moraes, entre as quais violação de direitos constitucionais e humanos, violação do devido processo legal, abuso de poder e desrespeito ao Código de Processo Penal, com utilização de prisão preventiva como meio de constranger pessoas. Para o impeachment de Alexandre de Moraes ser aprovado, além da concordância do próprio Pacheco, são necessários 54 votos no plenário do Senado. Ameaça de “obstrução”Na semana passada, um grupo de senadores e deputados de oposição anunciou, em entrevista coletiva, a intenção de obstruir as votações no Senado e na Câmara dos Deputados nos próximos dias. Segundo esses parlamentares, a obstrução faz parte de um movimento em defesa do que chamaram de “verdadeira democracia”. O senador Marcos Rogério (PL-RO) chegou a dizer que a obstrução ocorreria depois da apresentação do pedido de impeachment de Moraes. |
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