 O mês de novembro quebrou o sexto recorde consecutivo de calor no planeta, conforme anúncio feito por cientistas do Observatório Europeu Copernicus, na última quarta-feira (6). Esse aumento das temperaturas elevou em 15,5% o consumo de energia elétrica no Brasil comparado ao ano anterior. Trata-se do maior avanço da série histórica, iniciada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) em janeiro de 2014, em função do maior uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Com tanto calor e eventos extremos, que deixaram milhares de pessoas sem luz no Sudeste, muitos consumidores buscaram alternativas para evitar problemas futuros. Isso vem impulsionando os negócios em empresas como a 77Sol, que prevê encerrar o ano com crescimento de 30% no negócios. A plataforma une os principais bancos financiadores de sistemas de energia solar, os fabricantes que fornecem toda a infraestrutura de placas e os integradores que instalam os produtos nas casas e estabelecimentos. Entre os anos de 2021 e 2022, a empresa já havia registrado crescimento de 700% e agora se consolida nesse mercado. Segundo Luca Milani, diretor-executivo e CEO da 77Sol, apesar das dificuldades com os juros altos o setor segue firme diante das mudanças climáticas, o que tem ajudado também a reduzir os preços dos equipamentos em 40% no último ano. Isso porque a instalação de painéis solares em casas ou pequenos estabelecimentos pode ajudar a economizar pelo menos 90% nos gastos mensais com eletricidade. Assim, uma casa cuja conta de luz sai por R$ 500 mensais pode economizar até R$ 425. “Hoje a pessoa investe R$ 25 mil em equipamentos que duram 25 anos e isso se paga em 58 meses. E terá mais 20 anos gerando energia. E o momento não podia ser melhor, porque os preços caíram muito. Há 18 meses o mesmo projeto custava R$ 40 mil”, explica Milani. Segundo o executivo, a empresa cresceu em regiões onde a disponibilidade de energia não era tão grande, como o Nordeste e o Centro-Oeste. Mas, com os problemas atuais, já vislumbra o crescimento em locais do Sul e do Sudeste. “O volume de vendas triplicou, mas agora o custo está mais baixo, reduzindo o ticket”, explica. Conforme o executivo, com o serviço oferecido pela 77Sol, os instaladores passaram a oferecer uma proposta mais completa aos clientes, unindo o crédito para aquisição dos produtos e pagamento dos serviços. Brasil se destaca na energia solarNão à toa, o Brasil acaba de ultrapassar a marca de 35 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Isso é o equivalente a 15,9% da matriz elétrica do país, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Isso coloca o país entre os dez maiores geradores de energia solar no mundo. De acordo com a entidade, desde 2012, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 170 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 47,9 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 1 milhão de empregos. Com isso, também evitou a emissão de 42,8 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. A previsão da entidade é que devem ser aplicados mais de R$ 50 bilhões no setor até o fim de 2023, com expectativa de crescimento de 42,4% na capacidade energética solar brasileira em relação ao ano anterior. Entre os motivos estão as novas leis que passam a dar mais liberdade ao consumidor. Para Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar, o crescimento da modalidade fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e amplia a competitividade dos setores produtivos brasileiros, fatores cada vez mais importantes para a economia nacional e para o cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo país. “Finalmente, o Brasil acordou para a energia solar e seus benefícios. Aproveitar uma fonte de energia limpa e barata ajuda no processo de transição energética do país, além de estimular a diversificação do suprimento de eletricidade, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de mais aumentos na conta de luz da população”, diz Koloszuk. Diferença nos sistemasO consumidor só precisa ficar atento ao sistema escolhido, segundo Milani. Isso porque uma casa que tem um sistema “on grid” ainda está ligada à rede para manter a energia constante. A moradia continua dependendo da concessionária para não ficar sem energia, porque não tem sistema de armazenamento. “Tudo que ela gera de energia ou usa ou o que sobra é enviado para a concessionaria, que lhe concede créditos pela geração”, explica. Assim, esse crédito poderá ser usado por 60 meses, mas se a concessionaria tiver problemas, o usuário também ficará sem energia. Já no esquema “off grid” o usuário não depende mais da concessionária porque tem baterias para armazenar a energia excedente. Nesse caso, os equipamentos saem quase 50% mais caros e o preço desse sistema sobe para R$ 35 mil. “Mas garante de 4 a 5 horas de armazenamento servindo bem aos estabelecimentos comerciais evitando a necessidade de ter um gerador”, explica Milani.
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