![]() Em novembro do ano passado, após quase um mês de espera, o ministério da Fazenda anunciou o pacote de corte de gastos do Executivo federal, num daqueles eventos que costumam gerar forte debate nas redes sociais. Por isso, o relatório FInfluence, realizado pela Anbima em parceria com o IBPAD, fez um recorte em sua pesquisa para tentar entender como os influenciadores trataram o tema mais quente do 2º semestre de 2024. Seja pelo valor anunciado pelo governo abaixo do considerado necessário – que deveria chegar a R$ 70 bilhões em dois anos – seja pelo fato de a Fazenda ter aproveitado a ocasião para anunciar também uma forte renúncia fiscal com a pretendida isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, o clima azedou, não só nos mercados, mas nas redes. O relatório da Anbima destaca que a política fiscal seguiu no período como ponto central quando se fala de crescimento e da saúde das contas públicas. Durante o segundo semestre, 379 influenciadores abordaram a política fiscal, gerando um total de 7.218 menções nas redes sociais. Só as postagens sobre o pacote tiveram em média 5.385 interações cada. O estudo lembra que houve uma clara diferença de atuação entre os influenciadores pessoas físicas e os perfis corporativos, com cada um cumprindo o seu papel para enriquecer o debate e informar o público. “Com a maior parte dos representantes ligados a empresas jornalísticas, o segundo grupo respondeu por 51,4% das publicações sobre o pacote fiscal e focou em um tom mais técnico e informativo. Ao todo, foram 3.712 publicações sobre o tema”, destacou. Já os influenciadores pessoas físicas, que fizeram 3.506 postagens sobre o assunto e alimentaram discussões mais críticas – contra e a favor –, sem aprofundamento em detalhes técnicos. “Esses influenciadores conseguiram a maior média de engajamento: 9.343 interações por publicação, contra 1.647 das pessoas jurídicas”, comparou o estudo. Ainda de acordo com o relatório, a maior diferença de engajamento entre pessoas físicas e as empresas jornalísticas ocorreu no YouTube, com 26.209 e 7.506 interações, respectivamente. “No geral, vídeos sobre o tema geraram 20.465 interações em média, com 1.641 menções. O formato audiovisual parece ser decisivo para atrair a atenção do público e estimular análises mais longas.” Os influenciadores, tanto pessoas físicas como as jurídicas, amplificaram a repercussão do tema em novembro, quando o pacote fiscal foi anunciado. Naquele mês, foram registradas 1.984 publicações (quase 30% das postagens sobre o tema feitas durante todo o semestre), que tiveram 6.497 interações médias, espelhando o interesse do público pelo tema que ganhou as manchetes dos principais jornais do país. “As publicações refletiram as dúvidas sobre o anúncio do arcabouço fiscal, em meio à inflação acima da meta e à repercussão da reforma tributária, especialmente sobre as mudanças no imposto de renda. Além disso, preocupações com o teto de gastos, a saída de dólares do país e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudaram a aumentar o volume de discussões”, apontou o estudo. Do universo de 7.218 publicações, o relatório pegou uma amostra representativa estatística de 1.941 para uma análise qualitativa sobre as menções ao pacote fiscal. A constatação foi que a maioria dessas publicações (69,8%) teve teor informativo, sem entrar diretamente na polêmica. O YouTube foi a rede com a maior proporção de postagens informativas: 27,7% do seu conteúdo analisado era desse tipo, com marcas e canais preferindo informar a opinar. No geral, diz o estudo, as publicações refletiram um cenário de desconfiança: 26,4% foram críticas às medidas, enquanto apenas 3,8% defenderam o pacote. “No X, o debate pegou fogo: 51,3% de todas as postagens contrárias e 50,7% do total de posts favoráveis ao pacote fiscal estavam na plataforma.” Outros dados levantados mostraram que as notícias representaram a maior parte dos conteúdos (50,7%), seguidas por postagens com opiniões (23,5%). “O baixo número de análises – só 5,8% dos posts tinham esse perfil – indica que poucos influenciadores adentraram tecnicamente nos impactos da proposta. Em contrapartida, 20% das publicações usaram o pacote como pano de fundo para falar de educação financeira, com dicas e explicações sobre investimentos.” Dentro dessa amostra, também destacou-se que 52,8% das postagens foram feitas por PJs (1.025 posts), enquanto os outros 916 posts (47,2%) partiram de pessoas físicas. E as empresas deram um tom informativo (80,3%) às publicações. BetsJá as conversas sobre bets entre os influenciadores de finanças esfriaram no segundo semestre de 2024 em relação aos primeiros seis meses do ano, quando se debateu com mais intensidade sobre a regulamentação da atividade. Foram 489 menções feitas por 120 players, contra 626 menções de 175 finfluencers no primeiro semestre, uma queda de, respectivamente, 22% e de 31,5%. O estudo destacou que, se por um lado o assunto continua despertando interesse social e pautando a imprensa, por outro, os números mostram que as bets não conseguiram girar a roleta dos influenciadores. “O interesse do público seguiu elevado e o engajamento médio impressionou: 5.300, praticamente empatado com o registrado nas discussões sobre o pacote fiscal (5.385). Quando refinamos a busca e verificamos o engajamento de pessoas físicas, notamos que ele disparou, saindo de 2.829 na edição passada do relatório para 9.880 no segundo semestre de 2024.” Leia também: Pesquisa: 27,4% dos torcedores brasileiros enxergam apostas como investimento As quedas no número de menções, de 626 para 489, e de influenciadores, de 175 para 125, de uma edição para a outra, falando sobre as bets, podem ser explicadas, segundo o estudo por avanços regulatórios, campanhas de conscientização sobre riscos das apostas e críticas cada vez mais fortes a quem divulga esse tipo de atividade. Ainda segundo a Anbima, a percepção dos influenciadores financeiros sobre apostas é predominantemente neutra e informativa: das 489 menções, 164 foram explicações sobre a regulamentação, 62 foram alertas sobre o risco financeiro e 137 foram menções em um tom crítico sobre aspectos de regulamentação, risco financeiro e impostos. “Embora o volume de publicações tenha diminuído, a discussão sobre as ameaças e impactos das apostas continua ativa, impulsionada pelo engajamento em postagens que alertam sobre os seus perigos. Em menor medida, comparações com aplicações financeiras aparecem como estratégia de comunicação dos influenciadores, reforçando argumentos de que apostas não são uma forma legítima de investimento”, concluiu o estudo. Entre as diversas formas de tratar do tema, os influenciadores abordaram as bets dentro do tema investimentos, ressaltando que as apostas não devem ser consideradas um papel a ser carregado na carteira, tal como um CDB, disse a Anbima. |
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