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Judiciário

COP30 passa de trunfo a obstáculo para Helder ocupar a vice de Lula em 2026

- 17/08/2025 4 Visualizações 4 Pessoas viram 0 Comentários
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O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), tem perdido força como um dos cotados no MDB a uma eventual vaga de vice na chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para 2026. Vista antes como um trunfo para a pretensão eleitoral, a organização da COP30, marcada para novembro, se transformou em obstáculo diante dos problemas logísticos enfrentados, principalmente ligados à hospedagem.

Membro de uma família influente no partido e no governo, o paraense forma, juntamente com os ministros dos Transportes, Renan Filho, e do Planejamento, Simone Tebet, a tríade de emedebistas vistos como possíveis nomes para a chapa caso o atual ocupante do cargo, Geraldo Alckmin (PSB), não a componha. A aliados, Helder nega ter pretensões de ser vice e afirma que seu plano é concorrer ao Senado. Procurado, ele não se manifestou.

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Alckmin hoje ainda é visto como forte candidato à vaga, mas a possibilidade de um apoio do MDB a Lula com a indicação de um vice chegou a ser discutida numa reunião do presidente com lideranças do partido na semana passada. Estiveram no encontro Renan Filho; o ministro das Cidades, Jader Filho; o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM); e o líder da sigla na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).

Segundo dois dos participantes, Lula chegou a cogitar a possibilidade de Alckmin disputar o governo de São Paulo e disse que o vice ideal seria alguém com o perfil de José Alencar, que esteve ao seu lado nos dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010.

No MDB, lideranças partidárias têm dito reservadamente que, uma vez que a maioria dos diretórios do partido no Sul, Sudeste e Centro-Oeste se opõe a uma nova aliança com Lula, o presidente só garantiria um apoio partidário se o lugar de vice ficasse com um emedebista. O PSB, contudo, tem reivindicado que o ex-governador paulista permaneça na posição.

A vaga é particularmente cobiçada porque o ocupante dela seria visto como um sucessor natural de Lula, caso a chapa saia vitoriosa em 2026.

Forte influência

Até recentemente, Helder era visto como o nome mais forte do MDB para uma eventual vice, em boa medida pela influência no partido. A família Barbalho comanda o diretório estadual da sigla no Pará, que é hoje o que tem o maior número de delegados aptos a votar na convenção partidária, à frente de São Paulo, o segundo. O estatuto do partido leva em conta, principalmente, o número de deputados eleitos — dos 43 deputados da bancada do MDB na Câmara, nove são do Pará.

A COP30 era tida como uma vitrine eleitoral para Helder Barbalho, mas hoje é vista mais como uma vidraça, principalmente porque, a menos de cem dias para a realização, há gargalos de infraestrutura na capital paraense, em especial na rede hoteleira. Além disso, em março o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito para investigar o deputado federal Antônio Doido (MDP-PA), que é aliado da família Barbalho e suspeito de desviar dinheiro de contratos públicos do governo do Pará. O parlamentar nega.

Um dos contratos sob investigação é a licitação de obras no Canal do Bengui, em Belém, que custaria R$ 142 milhões. O governo do Pará listou a obra como um dos empreendimentos previstos da COP30. A gestão estadual diz que a licitação investigada foi “encerrada antes mesmo de ser executada” e “não houve quaisquer pagamentos” às empresas suspeitas nesse certame

Em audiência na Câmara, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, disse que, nas edições passadas, os valores de hospedagem dobravam ou triplicavam nas datas do evento. No Pará, esse aumento chega a até 15 vezes.

Aliados de Helder Barbalho dizem que o governador não tem planos hoje de ser vice de Lula e que sua intenção é disputar uma das vagas ao Senado pelo Pará, no lugar do hoje senador Jader Barbalho, seu pai. As prioridades de Helder, segundo interlocutores, são entregar uma COP bem-sucedida e eleger como governadora a sua vice, Hana Ghassan (MDB). Um aliado próximo ao governador diz que qualquer possibilidade de exercer a vice só existiria caso o favoritismo de Hana seja claro na disputa estadual.

Outro cotado para a chapa de Lula à reeleição, Renan Filho tem afirmado a correligionários que vai deixar o cargo de ministro em abril para ficar à disposição do partido. Hoje, seu nome é cotado para concorrer ao governo de Alagoas, mas aliados afirmam que, caso Renan vá para o posto de vice de Lula, o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões, poderia disputar o governo estadual.

Uma eventual oposição do MDB do Pará ao nome de Renan Filho, por exemplo, é vista no partido como um empecilho para o alagoano.

Sinais para o eleitor

O nome de Tebet também é citado por emedebistas como uma possibilidade, embora a ministra diga a aliados que não se vê como favorita. Na semana passada, ao discursar ao lado de Lula e de outros ministros (inclusive Renan Filho) em uma cerimônia de inauguração das obras para uma ponte entre Brasil e Bolívia, em Rondônia, Tebet sinalizou publicamente uma candidatura em 2026.

— Tentaram dar um golpe e invadir o Congresso Nacional de fora para dentro. Nesta semana tentaram dar um golpe na democracia de dentro para fora. Eu, que nem sabia se deveria ou não ser candidata a alguma coisa, saio daqui energizada porque sei que hoje a democracia ainda exige de todos nós a eterna vigilância — disse Tebet.

Interlocutores da ministra afirmam que seu nome se fortaleceria significativamente para o cargo de vice caso Michelle Bolsonaro fosse a candidata do bolsonarismo à Presidência, porque sinalizaria um aceno de Lula ao eleitorado feminino.

Líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM) afirma que a bancada do partido no Senado, que tem 12 parlamentares, tende a apoiar Lula, mas que o alinhamento do partido com o presidente “não é automático e precisa ser construído”.

— Na reunião que tivemos com o presidente Lula, não reivindicamos, nem ele ofereceu, o cargo de vice. O cargo no geral não tem tanto peso político, mas uma vice-presidência em segundo mandato é outra coisa. Entendemos que o MDB tem quadros, tamanho e tradição e que poderia compor a chapa, mas não dá para cravar isso hoje, é preciso saber se há disposição do presidente Lula — diz Braga.

Líder da bancada do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões afirma que a definição de um eventual nome do partido para compor o posto de vice de Lula dependerá de pesquisas eleitorais e da “necessidade política de composição da chapa”. Próximo a Renan Filho, ele diz que o cenário mais provável hoje é que o ministro dos Transportes seja candidato ao governo de Alagoas e ele, candidato à reeleição. Admite, contudo, que o plano pode sofrer alterações caso Renan Filho seja escolhido vice de Lula.




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