Não tem para onde fugir: a renda fixa vai continuar em alta em 2025. A Selic em 12,25% e a tendência de novas altas neste ano, para o nível de 14%, favorece especialmente os papeis pós-fixados, que são atrelados à taxa básica de juros. Fundos que investem em títulos públicos e privados indexados à Selic tornam-se automaticamente mais atrativos pelos retornos consistentes e a baixa volatilidade. Para além de Tesouro Selic e CDBs, o crédito privado é uma diversificação possível no universo de renda fixa e fez sucesso em 2024. A emissão de dívida foi recorde no ano, somando R$ 677,3 bilhões entre janeiro e novembro, segundo dados da Anbima, e um volume significativo desse montante foi absorvido pelos fundos de crédito. Clara Sodré, analista de fundos da XP, acredita que a demanda por crédito e fundos de crédito continuará forte em 2025 e destaca uma classe em específico: os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). “É uma classe nova, mais sofisticada, que se apresenta como mais uma opção de diversificação para o investidor”, diz Sodré. “A Resolução 175 da CVM trouxe mais segurança jurídica e clareza para esses ativos, o que aumentou o interesse de gestoras e pessoas físicas. Em 2025 devemos ver alguma consolidação e crescimento deste produto.” Opinião compartilhada por Mayara Sekertzis, head de fundos da Manchester Investimentos. Para ela, os fundos estruturados como os FIDCs ainda têm a vantagem de uma dinâmica mais estável na marcação de preços, que no mercado de crédito é mais cíclica. Sekertzis acredita que as debêntures – um dos principais títulos de dívida investido pelos fundos de crédito – podem enfrentar pressão de reajustes de preços com a volatilidade dos juros e da inflação. “Isso pode gerar oscilações nas cotas de fundos dessa categoria, trazendo retornos abaixo do CDI em determinados momentos”, diz. Porém, essa é uma dinâmica normal e característica do mercado de crédito, principalmente após um ciclo de demanda tão alta. “Por isso, o foco tem que estar em fundos mais resilientes.” MultimercadosA classe de multimercados perdeu mais de R$ 350 bilhões no último ano, após uma performance sofrível em 2023 e no começo de 2024. Embora alguns fundos tenham mantido um desempenho razoável no período, a indústria como um todo foi penalizada. Mas os ventos indicam que a maré está mudando. Entre julho e dezembro, a performance acumulada dos multimercados bateu o CDI e os títulos de crédito, somando um retorno de 6,36% frente 6,07% e 5,03% de seus concorrentes, respectivamente. “É cedo para dizer que a recuperação do retorno vai puxar a captação, mas é definitivamente uma boa notícia para a classe”, diz Sodré. Gestores de multimercados estão mais animados para o cenário de 2025. Segundo eles, a descorrelação macroeconômica global abriu espaço para mais teses de investimento e posições de oportunidade, o que não era possível com os países alinhados em subir e diminuir os juros ao mesmo tempo, como observado na pandemia. “Os cenários voltaram a ser mais claros. Você sabe que as coisas estão melhores quando os fundos quantitativos melhoram suas performances. Isso quer dizer que as tendências estão alinhadas com o previsto”, diz a analista da XP. Internacionais2024 foi um ano brilhante para investidores com aplicações internacionais. O principal índice de ação dos EUA, o S&P 500, subiu 24,9% e o dólar valorizou 27% em relação ao real. Esse combo colocou o retorno em reais dessas aplicações na faixa dos 50%. Os fundos de ações que registraram os maiores retornos no ano foram os fundos de ações internacionais ou BDRs – que são recibos de ações estrangeiras. O índice BDRX subiu 72,19% em 2024, enquanto o Ibovespa afundou 10,37%. Para Sekertzis, a Bolsa americana continua sendo uma alternativa interessante que contrasta com a perspectiva negativa para as ações brasileiras. Sodré afirma que os dados de 2024 provam que a diversificação internacional é fundamental para a proteção e retorno dos portfólios. Enquanto o ganho do S&P + dólar ficou na faixa dos 50%, o do Ibovespa + real foi negativo em 30,5%. “Com a valorização potencial do dólar frente ao real e a resiliência de grandes empresas americanas, fundos internacionais podem proporcionar retornos expressivos, além de servir como proteção cambial para a carteira”, diz a head da Manchester. Além dos fundos de ações, os fundos de renda fixa americana também foram bem em 2024 – bonds high yield fecharam em 8% e Treasuries até um ano em 5,1%, em dólares – e devem se manter atrativos em 2025. Sodré afirma que há espaço para os dois na parcela internacional da carteira. “É uma questão de estratégia. Há espaço para renda fixa e renda variável, com exposição ao dólar ou não, com hedge. O importante é ter a diversificação internacional”, diz a analista. Recomendação de fundosCom base na carteira recomendada de fundos da XP, o InfoMoney selecionou os ativos com aplicação mínima inferior a R$ 1.000 e abertos para o público em geral. Veja lista: Crédito High Grade
Multimercados
Internacionais
Por que fundos?Entre taxas de administração, de performance, de custódia e outras, os custos para o investidor com um fundo é um pouco maior do que a aplicação direta em ativos. Entretanto, gestores, analistas e outros profissionais do mercado financeiro defendem que é o pagamento pela estrutura profissional que garante o retorno desses fundos. “Estamos falando de uma equipe, com jurídico, compliance, economistas, gestores, toda uma estrutura especializada, que trabalha 100% nesse mercado para garantir o retorno”, afirma Sodré. Yasmin Orozimbo, analista de fundos da Empiricus Gestão, destaca que essa expertise é especialmente valiosa em ambientes voláteis ou complexos, “onde decisões rápidas e específicas são cruciais para maximizar retornos e minimizar riscos”. |
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