![]() Além da crise diplomática gerada pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparando a crise humanitária na Faixa de Gaza com o Holocausto judeu da 2ª Guerra Mundial – com uma dura resposta dada por Israel -, é natural que se pense em possíveis impactos comerciais com o estremecimento das relações. Em termos de volume, o impacto de algum tipo sanção pode ser considerado pequeno, dada a dimensão da corrente de comércio entre os dois países, mas também é verdade que as relações estavam crescendo até o início do conflito entre Israel e Hamas. A corrente de comércio entre os dois países no ano passado foi pouco superior a US$ 2 bilhões, com vendas brasileiras de cerca de US$ 750 milhões e compras de US$ 1,3 bilhão, de acordo com dados da Secex. OportunidadesEm setembro de 2023, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) divulgou um perfil reunindo informações sobre comércio e investimentos entre Brasil e Israel e chegou a uma projeção de 327 oportunidades de ampliação. Esses negócios potenciais estão em segmentos nos quais já existem negócios bilaterais, como em combustíveis e commodities, quanto em áreas de máquinas e equipamentos de transporte e alguns artigos manufaturados. Segundo o estudo da Apex, a corrente de comércio Brasil-Israel cresceu cerca 130% no período entre 2021 e 2022, com 85% do valor das exportações brasileiras concentradas nos grupos de produtos como petróleo, carne bovina, milho e soja. Um dado interessante é que as exportações de petróleo começaram apenas em 2021 e já se transformaram no principal item da pauta exportadora em 2022, passando de US$ 1 bilhão, o equivalente a 56,7% dos embarques totais de US$ 1,883 bilhão. Por sua vez, o Brasil comprou US$ 2,118 bilhões de bens e serviços de Israel em 2022, sendo 54% foram adubos e fertilizantes. Investimento diretoO investimento direto israelense também tem crescido no país, embora ainda esteja apenas na 38ª posição entre as nações que mais aportam recursos no Brasil. Conforme dados do Banco Central, o estoque de capital israelense no Brasil cresceu mais de 650% entre 2012 e 2021, chegando a US$ 993 milhões aportados. Entre os investimentos ‘greenfield’ dos últimos anos, a Apex destacou a abertura de um escritório comercial da unicórnio Pentera Cybersecurity no Brasil no ano passado (US$ 4,4 milhões). Também foi listada a abertura de representações da Tuvis, de vendas online, em Campinas e São Paulo (US$ 3,7 milhões) e de centros de segurança em nuvem da Radware no mesmo ano, sem valores revelados. Em fusões e aquisições, foram citadas a compra em 2021 da Fertilaqua, da Aqua Capital, pelo ICL Group, por US$ 122 milhões, e a aquisição de 51% da empresa alimentícia Bremil pela Frutarom, em 2018, por US$ 30 milhões. Um ano antes a mesma empresa havia comprado 80% do Grupo SDFLC, por US$ 32,8 milhões. O estoque de IED do Brasil em Israel é bem inferior, tendo atingido US$ 143 milhões em 2021. Entre os negócios mais recentes, a Apex citou a compra pela brasileira Avante.com de 100% da desenvolvedora israelense de aplicativos de transferência de dinheiro online Sling, em 2016, por US$ 10 milhões. Segundo a agência, os setores brasileiros de tecnologia, venture capital e imobiliário têm demonstrado crescente interesse no mercado israelense, participando de missões em parceria com o Escritório ApexBrasil em Tel Aviv. |
Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *