Como parte da agenda de Open Finance, a partir de outubro deste ano o consumidor vai conseguir experimentar na prática o chamado Open Investments, ou o compartilhamento de dados de investimentos. Além disso, a entrada das informações do setor de seguros, o Open Insurance, embora adiada, deve acontecer em 2024. A possibilidade de integração foi liberada na fase 4 do Open Finance, em dezembro de 2021, mas o mercado enfrenta vários desafios para colocar a infraestrutura de pé, além de lidar com requisitos regulatórios e imprevistos da implementação pelo caminho. Agora, com as datas se aproximando, há uma expectativa sobre como o aumento do escopo de compartilhamento deve influenciar o ecossistema. Isso porque embora o Open Finance seja referência mundial, ainda há questões a serem respondidas: qual será o comportamento do consumidor final com novos dados, que ainda vê pouco valor em dar consentimento para compartilhar seus dados? Otimismo x RealidadeDurante um painel na Febraban Tech 2023 nesta semana, Sergio Favarin, vice-presidente de negócios da consultoria de tecnologi GFT Technologies, afirmou que “a abertura do escopo vai impulsionar a percepção de valor que os consumidores tem do Open Finance”. Na visão, dele com a entrada de dados de investimentos no ecossistema, comparação de produtos entre corretoras, comparação de taxas, entre outras possibilidades devem acelerar a adesão do ecossistema. “Hoje estamos vendo só a ponta do iceberg“. Lessandro Werner Thomaz, diretor-executivo da Caixa, concorda porque entende que a fase 4 deve trazer uma ruptura maior para o mercado — com desafios também maiores, mas mais benefícios para os clientes. Na visão dele, os serviços que hoje estão sendo ofertados, provenientes especialmente da Fase 2 do Open Finance e mais relacionados com crédito, como análise de aumento de limite de cartão, são mais conhecidos dos brasileiros. “Estamos acostumados a lidar com esses serviços. O valor agregado que a fase de investimentos deve ter é maior e quem sai ganhando é o cliente”, finalizou o executivo também presente no painel. O otimismo dos executivos, no entanto, não é consenso de mercado. Pedro Bramont, diretor de Negócios Digitais do Banco do Brasil, enxerga o novo escopo com outro olhar: a “abertura do escopo traz mais desafios que do que benefícios e valor para o cliente” — pelo menos em um primeiro momento. Planilha Gratuita Planeje seus gastos Baixe de graça a planilha de controle financeiro com todos os cálculos para monitorar seus gastos mensais “Temos mais tomadores do que investidores no país, portanto, esse valor agregado deve atingir uma fatia bem menor da população e não sei se vai ampliar a adesão a partir disso”, avalia. Ele acrescenta que a integração com o Open Insurance vai começar e ainda é repleta de obstáculos. “Comparações de precificação de seguros e de dados de apólices são complexas. Existem muitos tipos de seguros, diferentes riscos excluídos e é um setor que tem menos tecnologia que o setor dos bancos”. Na visão do executivo do BB, o produto com maior valor para o cliente vai continuar sendo o agregador, que une em um mesmo canal as informações de contas e dados que o consumidor tem. É a ideia do “Super App”, que vem sendo desenvolvido pelo Banco Central, além do conceito já ser oferecido por algumas instituições participantes do Open Finance. “Um avanço real [no contexto de fase 4] seria a hiperpersonalização no sentido de compor, por exemplo, uma cobertura de seguro específica para cada cliente a partir das ofertas disponíveis”, entende Bramont, também presente no painel do evento, mas admite que esse processo é complexo e não deve acontece tão logo. Essa integração de agendas entre Banco Central e Susep, vem afligindo muitas instituições — tanto que o cronograma de Open Insurance foi adiado novamente e novas datas devem ser anunciadas na próxima semana. Entre o desafios está a padronização de informações entre os setores, que hoje são incompatíveis. Aldo Barretella, senior head de Canais Digitais do Santander Brasil, acrescenta que a agenda de Open Finance é complexa para as instituições porque é síncrona, ou seja, as evoluções vão acontecendo enquanto o ecossistema já está no ar, o que exige agilidade e melhora constantes das empresas. “Tudo começou do zero. Erramos bastante e fomos ajustando tudo pelo caminho. É uma jornada síncrona. Hoje estamos com uma maturidade maior, mas esse processo de constante evolução ainda gera fricção. Diminuímos bastante a quantidade de problemas e seguimos aprendendo. Já são mais de 30 milhões de consentimentos do Open Finance“, lembra o executivo ao participar do painel. Apesar das dificuldades, as agendas não param: o projeto de futuro do BC prevê uma economia digital e completamente integrada entre Open Finance, Pix e Real Digital (veja mais abaixo). |
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