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Economia

Deflação “enganosa”? IPCA-15 fica acima do esperado e mostra pressão de serviços

- 26/08/2025 3 Visualizações 3 Pessoas viram 0 Comentários
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O  IPCA-15 registrou deflação de 0,14% em agosto, graças à incorporação do chamado Bônus de Itaipu nas contas de energia e à queda nos preços dos alimentos, com a taxa em 12 meses indo abaixo de 5% em meio a indicações do Banco Central de manutenção dos juros em patamar elevado.

Esse foi o primeiro resultado negativo desde julho de 2023, quando houve queda de 0,07%, e a deflação mais intensa desde setembro de 2022 (-0,37%).

Contudo, a expectativa era de uma queda ainda mais expressiva: de acordo com compilação média da Reuters, a projeção era de uma baixa de 0,19% no mês e alta de 4,91% em 12 meses.

Na visão da equipe macroeconômica da XP, a análise do IPCA-15 de agosto apresentou deterioração na margem, com reaceleração dos preços dos serviços subjacentes. Nesse sentido, os fundamentos prevaleceram: a apreciação cambial refletiu-se em uma melhora na inflação recente dos bens comercializáveis, enquanto o mercado de trabalho aquecido limita a desinflação dos serviços. “Dito isso, mantemos nossa projeção de 4,8% para o IPCA de 2025. Para 2026, projetamos 4,5%”, avalia.

O Itaú ressalta que a alimentação no domicílio apresentou deflação mais uma vez, -0,92% no mês. Em 12 meses, essa categoria acumula alta de 7,25%. Até o final do ano, esperamos que o grupo siga em desaceleração, encerrando um pouco abaixo de 5,0%.

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Já os bens industriais ficaram estáveis. Em doze meses, os bens industriais acumulam alta de 3,39%, mas já atingem 1,99% na variação trimestral anualizada. A apreciação cambial segue se refletindo nesse grupo, algo também observado em outros índices de preços, como os IGPs, com quedas relevantes de preços aos produtores.

A inflação de serviços subiu 0,50% no mês, impulsionada majoritariamente por uma queda menor de passagem aérea e de energia elétrica. Em 12 meses, serviços subjacentes acumulam alta de 6,62%, enquanto a média móvel trimestral anualizada está em 5,83%. Além dos efeitos mencionados, alguns subitens mais voláteis também vieram mais altos, como cinema e seguros.

“O dado de hoje mostrou surpresa altista disseminada em serviços e serviços subjacentes, interrompendo a tendência de queda das últimas divulgações e reforçando o impacto altista do mercado de trabalho apertado sobre a inflação. A divulgação não muda o nosso cenário base – seguimos esperando inflação de 5,1% para o ano, com serviços subjacentes próximos de 7%”, aponta o banco.

O Bradesco também ressalta que o IPCA-15 de agosto ficou acima do que esperava, com serviços mais pressionados por diversos itens mais voláteis.

“O resultado não altera nossa visão para o grupo, que deve encerrar o ano próximo de 6,0%. No segmento de bens industriais continuamos a observar um comportamento baixista, assim como nos preços de alimentação. Em nosso cenário de desaceleração econômica à frente, continuamos a enxergar o arrefecimento da inflação para o fim desse ano e ao longo de 2026”, avalia a equipe econômica do Bradesco.

Natali Victal, economista -chefe da SulAmérica Investimentos, avalia que os serviços voltaram a acelerar, com os subjacentes no limite superior das projeções e os itens intensivos em mão de obra devolvendo o alívio visto em julho. Os preços de industriais, excluindo automóveis novos, também vieram piores que o projetado. “Assim, o dado interrompe a sequência recente de surpresas positivas para a inflação corrente e pode reduzir o ímpeto das revisões baixistas nas projeções para 2025”, avalia.

Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, reforça a visão de que os núcleos mostraram piora, com avanços em serviços e bens industriais, reforçando a percepção de que o cenário inflacionário continua desafiador. A inflação de serviços segue elevada, impulsionada por um mercado de trabalho ainda bastante aquecido, com taxa de desemprego nas mínimas históricas.

“Diante desse quadro, a política monetária deve permanecer restritiva para moderar o crescimento, aliviar pressões sobre o emprego e garantir a convergência da inflação no horizonte relevante”, aponta, ressaltando que a manutenção da taxa Selic estável no patamar de 15,0% a.a. pelo menos até o final de 2025 permanece sendo a melhor estratégia nesse momento para a política monetária.

Com base nesse cenário, a Monte Bravo revisou a projeção do IPCA de agosto, que passou de deflação de 0,15% para deflação de 0,10%. O menor impacto do bônus de Itaipu, os serviços mais pressionados e a redução da intensidade da deflação de alimentos são os fatores que explicam essa revisão. Por outro lado, manteve a projeção de 5,0% para o IPCA de 2025.




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