IMG-LOGO
Geral

Demissões voluntárias crescem e indicam insatisfação de jovens com o trabalho

- 04/05/2025 2 Visualizações 2 Pessoas viram 0 Comentários
image 1

No primeiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego atingiu 7% da população brasileira, como mostram dados divulgados nos últimos dias pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE. Em trajetória de alta nos últimos meses, chamam a atenção outros números, vindos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que demonstram outra tendência em crescimento: as demissões voluntárias.

Considerando os dados do Novo CAGED, as pesquisadoras do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Janaína Feijó e Helena Zahar, apontam que nos dois primeiros meses deste ano, 37,8% de todas as dispensas de trabalhadores com carteira assinada foram voluntárias, somando 1,625 milhão de pedidos. 

Os números mostram crescimento de 15,5% na comparação com o mesmo período de 2024 (1,4 milhão), e um aumento ainda mais expressivo de 32,9% frente a 2023 (1,2 milhão). “Evidencia uma tendência consistente de alta nas demissões voluntárias, indicando que os trabalhadores estão cada vez mais buscando melhores oportunidades no mercado”, dizem as pesquisadoras da FGV.

image 2

À procura de melhores salários

Ondas de demissões voluntárias não são novidades nem no Brasil, nem no mundo. Durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014), observou-se um aumento significativo no número de trabalhadores solicitando o seguro-desemprego, mesmo em um contexto de estabilidade econômica. Isso levou o governo a adotar medidas mais restritivas ao benefício em 2015, primeiro ano do segundo mandato, e também quando a taxa de desemprego atingiu 9,6%. 

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o fenômeno denominado “The Great Resignation” (A Grande Renúncia) ocorreu devido ao recorde de demissões voluntárias em reflexo à pandemia da COVID-19. Entre abril de 2021 e abril de 2022, mais de 71,6 milhões de trabalhadores americanos deixaram os seus empregos devido a baixos salários, falta de oportunidades de crescimento profissional e insatisfação com o ambiente de trabalho. 

Agora, por aqui, as demissões do tipo trazem novas direções sobre as necessidades dos trabalhadores. “O que temos observado é que, com o mercado aquecido, muitos buscam novas oportunidades por melhores salários — especialmente os trabalhadores com menor qualificação, para quem a remuneração é um fator decisivo”, explica Jefferson Mariano, analista do IBGE e professor na Faculdade Cásper Líbero.

Segundo ele, o Brasil passa por um momento de melhora no mercado de trabalho, com aumento da ocupação, redução da desocupação e retomada das contratações com carteira assinada. “Esse ambiente mais robusto tem dado mais segurança para que trabalhadores troquem de emprego por iniciativa própria. Além disso, há a influência da reforma trabalhista, de 2017, que permitiu novos formatos de desligamento, como os acordos entre empregador e empregado.” 

GenZs estão mais propensos a pedir demissão

A busca por melhores salários, na maioria dos casos, não necessariamente se relaciona com melhores benefícios e qualidade de vida. De acordo com Mariano, esses fatores estão mais associados a grupos de maior renda, com posições de trabalho que exigem mais qualificações profissionais — como ensino superior completo e pós-graduações.

“Grupos que lideram os pedidos de demissão são, em geral, jovens em ocupações que exigem menor especialização. Essa mobilidade está mais associada aos trabalhadores mais jovens e de setores com alta demanda, como o de serviços”, diz Mariano. Enquanto isso, trabalhadores mais velhos tendem a permanecer por mais tempo nos empregos, muitos com mais de dois anos na mesma ocupação.

O apontamento do analista do IBGE vai em linha com o levantamento das pesquisadoras da FGV Ibre. Janaína Feijó e Helena Zahar mostram que, em relação à faixa etária, os trabalhadores entre 18 e 24 anos foram os que mais se demitiram voluntariamente em 2025, representando cerca de 30% das demissões a pedido totais nos últimos anos. 

Embora os trabalhadores de 30 a 39 anos detenham a segunda maior participação (26,1%), seu peso tem caído gradualmente ao longo do tempo, passando de 28,7% em 2020 para 26,1% em 2025. “Tais resultados mostram que as demissões a pedido se concentram em faixas etárias mais jovens”, ressaltam as pesquisadoras.

Buscas por “demissão” disparam 173%

Se os pedidos de demissão estão em alta no mercado, na internet o movimento não poderia ser diferente. Um levantamento da Onlinecurriculo aponta que as buscas pelo termo “demissão” no Google dispararam 173% entre os meses de março de 2024 e março de 2025. Ao todo, foram 819,2 mil buscas no período.

Contudo, vale observar que a maioria delas não questiona apenas o procedimento burocrático, mas revela uma preocupação concreta com as consequências do pedido de demissão. Dentre as 12 dúvidas mais comuns, nove são sobre a ideia de se desligar da empresa voluntariamente. Veja abaixo. 

image 3

Além disso, as buscas mais frequentes revelam que, para os trabalhadores, o maior temor envolve o impacto dessa decisão nas finanças pessoais. Isso porque questões sobre o valor das verbas rescisórias, como o cálculo das verbas rescisórias, dominam as pesquisas. 

Dúvidas sobre o saque do FGTS e a possibilidade de acesso ao seguro-desemprego reforçam a preocupação com a estabilidade financeira pós-demissão. No total, as pesquisas relacionadas ao futuro financeiro de quem deseja se demitir somaram 491,5 mil.




Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *