Um gesto em apoio ao presidente norte-americano Donald Trump expôs nesta quinta-feira (17) fissuras dentro da oposição ao governo Lula no Congresso. Durante pronunciamento à imprensa na Câmara dos Deputados, o deputado Delegado Caveira (PL-PA) ergueu uma bandeira com o nome do presidente dos Estados Unidos e o slogan “Make America Great Again”. O gesto, feito diante de jornalistas, causou desconforto entre parlamentares bolsonaristas e terminou com um pedido público de desculpas do deputado à bancada.

A manifestação ocorreu pouco após aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentarem realizar reuniões nas comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores para votar moções de louvor ao ex-mandatário.

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As sessões estavam agendadas para as 10h, mas foram barradas por determinação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que suspendeu as atividades até o fim do recesso informal, em 1º de agosto.

Diante da imprensa, parlamentares da oposição improvisaram uma coletiva. Foi nesse momento que Delegado Caveira exibiu a bandeira pró-Trump. A exibição gerou imediato incômodo entre os próprios aliados, que pediram que ele guardasse a faixa. “Não era o local apropriado”, disse o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública. “O foco da reunião era outro.”

Governo vê oportunismo

A exibição da bandeira ocorre no momento em que o governo Lula tenta consolidar a narrativa de que o tarifaço de 50% imposto por Trump tem relação direta com a aliança entre o ex-presidente americano e o bolsonarismo. A carta enviada por Trump ao presidente Lula, em que comunica a medida, menciona explicitamente o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe como um dos fatores para a aplicação da tarifa.

Aliados do Planalto têm usado a carta como prova de ingerência política nos assuntos internos do Brasil e reforçado o argumento de que os ataques dos EUA à soberania nacional estão vinculados ao apoio de Bolsonaro a Trump.

A manifestação de parlamentares do PL em defesa do ex-presidente americano reforça essa narrativa — e gera constrangimento entre aqueles que desejam manter o debate em tom mais econômico ou institucional.

Divisões internas

O episódio revela a dificuldade da oposição em construir uma posição unificada diante da crise comercial com os EUA. Enquanto setores mais ideológicos defendem a confrontação direta em defesa de Trump, outras alas — como a que organiza a missão diplomática ao Congresso americano — buscam preservar a imagem do Parlamento e evitar novos desgastes com o governo Trump e com o setor produtivo brasileiro.

No pano de fundo, a tensão continua crescente: a tarifa de 50% entra em vigor em 1º de agosto e já pressiona setores estratégicos da economia brasileira.