O mercado de veículos usados deve se beneficiar com o anúncio da desoneração dos “carros populares” feito pelo governo federal. Para carros de até R$ 120 mil, os descontos variam de 1,6% a 11,6%, que representam cortes entre R$ 2 mil e R$ 8 mil direto no preço final do carro comprado pelo consumidor. As montadoras também estão aplicando descontos extras por conta própria e com isso alguns modelos têm mais de R$ 10 mil em descontos — o que deve impulsionar a venda. Pessoas físicas terão exclusividade até dia 21 de junho para comprar carros novos. Depois disso, as empresas poderão entrar na empreitada. Com esse movimento, segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, o consumidor que estava interessado em trocar de carro e comprar um seminovo terá uma ótima oportunidade de negociar valores e até encontrar preços mais baixos no mercado de usados. Isso por que o programa de descontos anunciado pelo governo para carros “populares” não atende exatamente o público que busca o modelo usado.
Na visão de Navas, o programa de descontos não vai alcançar a fatia da população que antes não comprava carros de até R$ 120 mil. “O programa é para a população que já comprava esses modelos e poderá reduzir o gasto”, diz. Veja, a seguir, os dois principais fatores que devem deixar o mercado de usados mais acessível aos consumidores ao longo dos próximos meses, segundo especialistas consultados pelo InfoMoney:
Embora o benefício do governo valha apenas aos carros novos, o mercado de usados será beneficiado basicamente pelo movimento que deve acontecer a partir da compra do modelo zero km. “O usado normalmente é dado em troca na compra de um novo. Como consequência, há um aumento no inventário de usados. Mais carros usados disponíveis, mais opções de venda para o consumidor e um provável aumento de venda de usados”, explica Navas, da KBB. A Fenauto, federação nacional de veículos usados, estima que as vendas alcancem 15,5 milhões em 2023, acima dos 13 milhões de unidades vendidas em 2022. “A movimentação no mercado de novos é uma mola que impulsiona o mercado de usados. É uma relação intrínseca e cíclica”, lembra a especialista. Com o maior volume de usados no mercado, Navas entende que o consumidor terá mais poder de barganha na negociação. “A queda de preço é plausível. Se tem 20 compradores e 40 carros, o consumidor terá mais margem de negociação. Não é uma queda sistemática de preços, mas, no cenário atual, quer dizer que será possível fazer uma compra melhor”, explica.
Outro fator que pode favorecer o consumidor que pensa em comprar um usado é a própria competição entre os mercados, na opinião de Kalume Neto, da Jato Dynamics. Com a denoseração nos modelos 0 km, é possível que o consumidor encontre opções com desconto também nos usados porque os lojistas vão querer atrair clientes. “Sem considerar o programa de descontos, o normal é: um carro novo compete com um usado fabricado dois anos antes, em média. Com o programa de descontos essa competição não deixa de existir. E para mantê-la, o mercado de usados também vai acompanhar essa queda”, explica o especialista. Mas esse movimento pode complicar a vida dos lojistas de usados, explica Kalume Neto. “Essa acomodação de preços nos usados pode causar uma crise no segmento: as lojas que compraram carros usados com valores mais altos provavelmente terão que revender a valores mais baixos, impactando o fluxo de caixa desses estabelecimentos.” Consumidor tem oportunidadeA orientação para o consumidor nesse momento, então, é: pesquise muito. Isso vale para pesquisas online nos classificados, mas também na busca presencial. “O consumidor tende a visitar menos lojas para negociar carros, mas o momento pede isso para fechar uma boa compra. Você não sabe a situação da loja: ela pode estar com estoque parado e negociar mais facilmente. Aproveite para conversar com o vendedor”, explica Ana Navas, da KBB. Na opinião de Navas, o consumidor que vai trocar o chamado “usadão” (carros entre 4 e 10 anos), por um seminovo (até três anos de uso) tem uma “oportunidade gigantesca entre o fim deste trimestre e o início do próximo”. Ela sugere também que o consumidor não seja inflexível na negociação do preço de venda do carro que vai dar em troca do novo. “Esteja aberto a negociar o seu carro também. Aproveite o cenário e use o diálogo para fazer a troca, se for interessante para você”. |
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