 Consumidores dinamarqueses estão boicotando a Coca-Cola em resposta à política externa dos Estados Unidos, segundo a Carlsberg, que engarrafa a marca americana no país. O CEO da Carlsberg, Jacob Aarup-Andersen, afirmou que os volumes de vendas da Coca-Cola caíram na Dinamarca, único mercado onde a empresa observa esse fenômeno em larga escala. O boicote reflete a insatisfação dos dinamarqueses com as ameaças do presidente Donald Trump de anexar o território da Groenlândia, possivelmente à força, e com as críticas de sua administração a Copenhague. A tensão entre os dois países aumentou após o vice-presidente dos EUA, JD Vance, acusar a Dinamarca de não ser “um bom aliado”, apesar da participação das forças dinamarquesas ao lado dos EUA em conflitos como o Afeganistão, onde sofreram perdas proporcionais às dos americanos. Uma autoridade dinamarquesa declarou ao Financial Times que os cidadãos estão indignados, lembrando dos soldados dinamarqueses que retornaram em caixões e agora se sentem desrespeitados. Esse sentimento tem impulsionado o boicote a produtos americanos, incluindo refrigerantes. A Carlsberg informou que marcas locais, como a Jolly Cola, estão ganhando espaço no mercado dinamarquês devido ao boicote. A rede de supermercados Rema relatou um aumento de 13 vezes nas vendas da Jolly Cola em março, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar disso, Aarup-Andersen minimizou o impacto geral nas vendas, afirmando que a empresa respeita as decisões dos consumidores e não apoia nem se opõe ao boicote. Ele destacou que Coca-Cola e Pepsi são produzidas por trabalhadores dinamarqueses em fábricas locais, sendo, de certa forma, também marcas dinamarquesas. O boicote dinamarquês reflete uma tendência global de rejeição a produtos americanos em resposta a políticas externas controversas. Em países de maioria muçulmana, por exemplo, as vendas da Coca-Cola caíram após o conflito entre Israel e Hamas em Gaza. No Canadá, consumidores também boicotaram produtos dos EUA após ameaças de Trump de anexar o país e impor tarifas. A Carlsberg divulgou resultados financeiros nesta terça-feira, registrando uma queda de 2,3% nos volumes orgânicos de vendas no primeiro trimestre, enquanto as vendas globais cresceram 17,4%, impulsionadas pela aquisição da Britvic, empresa britânica de bebidas. A Coca-Cola também reportou queda de 2% na receita líquida no mesmo período, atribuindo o impacto às mudanças nas dinâmicas comerciais globais. Apesar dos desafios, ambas as empresas esperam que os efeitos das tensões comerciais sejam administráveis ao longo do ano.
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