Com mais de 2 mil unidades espalhadas pelo Brasil, a market4u é hoje considerada a maior microfranquia do país. Mas o que parece uma história de crescimento meteórico nasceu de um acúmulo de erros, experimentações e reinvenções.

O próprio fundador, Eduardo Córdova, estima já ter aberto cerca de 40 empresas antes de encontrar o modelo certo. “A market4u é uma colcha de retalhos de tudo que eu vivi no empreendedorismo até aqui”, afirma ao relembrar sua trajetória empreendedora.

Criada em fevereiro de 2020, a market4u surgiu dias antes do início da pandemia de Covid-19. O que poderia ter sido um desastre virou oportunidade: com restrições de circulação e mercados cheios de limitações, a ideia de pequenos minimercados autônomos instalados dentro de condomínios caiu no gosto de quem precisava de praticidade — e segurança.

“A pandemia acelerou algo que já era uma demanda: conveniência e tempo”, destaca Córdova ao participar no Do Zero ao Topo, programa do InfoMoney que conta a história dos empreendedores e empresários por trás das maiores empresas do país.

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Mais de 30 tentativas antes do acerto

Antes de fundar a market4u, Córdova passou por diversos setores — de postos de gasolina a academias, passando por agências de marketing e negócios de tecnologia. Algumas ideias até chegaram a ter investidores relevantes, como uma startup de vending machines voltadas para ciclistas. Mas nem tudo foi sustentável no longo prazo.

Ao contrário das iniciativas anteriores, que partiam de dores pessoais, a market4u nasceu de um olhar mais pragmático para o mercado. “Paramos de olhar só para as nossas necessidades e passamos a observar o que o mercado estava pedindo”, afirma.

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O primeiro teste e o impulso da pandemia

A loja piloto foi instalada no 23.º andar de um prédio em Curitiba e montada literalmente com as próprias mãos pelos sócios. “Fizemos tudo: da marcenaria à instalação dos equipamentos”, lembra. O modelo simples e funcional — prateleiras com produtos, geladeiras e um sistema de pagamento via aplicativo — funcionou.

Com a chegada da pandemia, o negócio chamou atenção da mídia e ganhou projeção nacional. Em pouco tempo, o grupo estruturou o modelo de franquias e começou a operar em larga escala. O que era um projeto local passou a ser replicado em dezenas de cidades simultaneamente.

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Tecnologia como diferencial competitivo

Um dos maiores trunfos da market4u é a tecnologia proprietária que sustenta a operação. Sem soluções prontas no mercado, Córdova chegou a ir até a China em busca de alternativas. Voltou de lá convencido de que o sistema teria que ser desenvolvido do zero no Brasil.

Hoje, a plataforma automatiza processos como definição de preços, controle de estoque, reabastecimento e análise de consumo. Os dados são alimentados pelos próprios consumidores, que escaneiam os produtos e fazem o pagamento por meio de um aplicativo. A operação é centralizada em três centros de distribuição — o principal em São Paulo, responsável por 60% da receita da companhia.

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Um negócio baseado em confiança

No coração do modelo da market4u está um conceito que contraria o ceticismo típico do varejo: confiança. O sistema assume que o cliente fará o pagamento corretamente, sem vigilância direta. “A gente acredita no consumidor. E ele responde com reciprocidade”, diz Córdova.

Mesmo com mecanismos de auditoria, a taxa de finalização correta das compras gira em torno de 99%. O modelo também se apoia em parcerias duradouras com síndicos e franqueados.

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Parcerias onde todos ganham

Além da relação com o consumidor final, a market4u criou um ecossistema que valoriza a colaboração entre franqueados, condomínio, equipe interna e indústria.

A empresa fornece para as indústrias dados valiosos — sempre anonimizados e em conformidade com a LGPD — sobre comportamento de compra, preferências regionais e eficiência de promoções. Essa inteligência gera valor para os fornecedores e ajuda a empresa a ajustar portfólio e estratégias com mais precisão.

Hoje, com uma operação enxuta, foco em tecnologia e um modelo replicável, a market4u se consolida como uma das histórias mais bem-sucedidas do empreendedorismo recente no Brasil. Mas, segundo Córdova, não há fórmula mágica: “O que fez o negócio dar certo foi saber ouvir o mercado, ajustar a rota e trabalhar muito. O resto é consequência.”