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Judiciário

Eleição de Trump nos EUA pode afetar pacote fiscal de Haddad no Brasil, diz analista

- 06/11/2024 8 Visualizações 8 Pessoas viram 0 Comentários
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No momento em que a equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta construir acordo para um pacote de revisão de gastos que dê sustentabilidade ao arcabouço fiscal, a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos pode minar a agenda fiscal brasileira. É o que avalia o cientista político Leonardo Barreto, sócio da consultoria Think Policy.

Para o especialista, o retorno de Donald Trump à Casa Branca com resultados contundentes nas urnas soma-se a um conjunto de “razões objetivas” que podem colocar Lula “na defensiva”. “O PT, que ainda quebra a cabeça para entender por que se saiu mal das eleições municipais, agora tem outra esfinge à sua frente“, diz.

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Em análise distribuída a clientes, Barreto chama atenção para o contexto que marcou a vitória republicana nestas eleições. Alguns dos elementos destacados por ele são uma suposta preferência midiática pela candidatura da democrata Kamala Harris, os problemas enfrentados por Trump com a Justiça, o ambiente de polarização política e uma liderança envelhecida à frente do País. No plano econômico, ele apontou a inflação e os juros elevados para os padrões americanos.

“Algo soa familiar para você? Com desempenho eleitoral ruim, popularidade morna, perspectiva de um novo ciclo de juros subindo e inflação fora da meta à frente, além desse sinal de mal agouro vindo dos EUA, como Lula vai reagir à proposta do seu ministro econômico de cortar gastos?”, indagou o especialista.

“Para Lula, olhando o contexto, deve parecer claro que o momento é de acelerar e não de frear”, apostou. “A vitória de Trump rifa o pacote de controle de gastos e reforça a preocupação de achar mais dinheiro para colocar em políticas de transferência. O governo pode até anunciar algo, mas seu objetivo não deve ser outro que não ‘tourear’ o mercado e a sociedade”, prosseguiu.

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Um dos caminhos para isso seria justamente o encaminhamento da discussão no formato de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ─ tipo de proposição mais complexo e com maior exigência de quórum ─ reforçando as regras fiscais, para ser aprovada em 2025 e ter vigência no ano seguinte, 2026. Neste caso, especula o analista, as sanções para a hipótese de descumprimento ficariam apenas para 2027.

“Tudo o que vier de ajuste estrutural dificilmente não será para depois da eleição geral. Conjunturalmente, medidas para evitar fraudes no BPC, controle biométrico de beneficiários”, projetou.

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Para Barreto, a conjuntura atual reforça a tendência de uma administração que tente suportar um cenário macroeconômico pior no Brasil, buscando uma compensação com medidas direcionadas de crédito, transferências e socorros setoriais, e doses de “malabarismo fiscal”.

Por outro lado, o aprofundamento do movimento de desvalorização do real em relação ao dólar pode ampliar a pressão sobre o governo brasileiro por medidas de ajuste nas contas públicas. Assim como em outros episódios de tensão entre o Planalto e a Faria Lima, o dólar tem testado o poder de reação da atual administração.




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