Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a diretoria de Política Monetária do Banco Central, o economista Gabriel Galípolo deixou uma mensagem de otimismo com a economia brasileira em seu discurso de abertura de sabatina conduzida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Em sua fala, Galípolo exaltou a melhora de indicadores nacionais e de projeções do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) e o próprio comportamento da taxa de juros, mencionou vitórias recentes do governo com auxílio dos Poderes Legislativo e Judiciário e destacou a escolha da equipe econômica de “trilhar um caminho mais difícil”, que, na sua visão, está produzindo frutos. “Não é difícil encontrar diversos exemplos na história da economia brasileira em que a política econômica e a política fiscal estavam apontando para direções distintas, em que encontrávamos políticas monetárias contacionistas, com elevação de taxa de juros e o intuito de desacelerar a economia, concomitantes a políticas fiscais expansionistas que pretendiam impulsionar e acelerar a economia, quase sempre não levando a um bom termo o resultado”, disse. “Desde o início deste mandato do presidente Lula, por orientação dele e coordenado pelo ministro Fernando Haddad, a equipe econômica decidiu trilhar um caminho mais difícil, de enfrentar problemas e entraves antigos da economia brasileira, mas mirando para os desafios da sustentabilidade econômica, social e ambiental a partir de um debate republicano e transparente”, prosseguiu. Galípolo lembrou de um conjunto de medidas tomadas pela equipe econômica do governo visando reduzir o déficit primário, introduzir um novo arcabouço fiscal ‒ que, após aprovado pelo Senado Federal, retornou para análise da Câmara do Deputados sobre mudanças feitas no texto. “As medidas até aqui implementadas produziram, no primeiro semestre, apreciação da nossa moeda, previsões de um déficit primário menor, a aprovação de um conceito de uma nova regra fiscal, projeções de crescimento mais elevado, menor inflação e o mercado já projeta taxas de juros mais baixas e cortes nas taxas de juros futuras”, disse. Galípolo atuou como secretário-executivo do Ministério da Fazenda até 20 de junho, quando foi exonerado para poder seguir com a indicação para o Banco Central. Ele foi substituído pelo advogado Dario Durigan, nome que já trabalhou com Haddad na prefeitura de São Paulo, de 2015 a 2016, como assessor especial do petista. Durante seu discurso na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, Galípolo ponderou o otimismo com o cenário internacional mais adverso. Na sua leitura, o desmonte da flexibilização monetária iniciada em 2008 “tem devolvido constrangimentos que pareciam ter sido afastados”, como crises de balanços de pagamentos em países vizinhos, além de risco de crises bancárias em economias centrais. Mas ele acredita que o Brasil construiu uma robusta proteção para choques externos, com destaque para as reservas internacionais mantidas pelo país. “Todas as medidas que foram tomadas vêm contribuindo para um cenário que, já com uma queda da taxa de juros longa futura, podem estimular o retorno dos investimentos e de um crescimento mais sustentável pelos próximos anos”, apostou. “O Brasil se encontra em uma região sem conflitos militares, sem dependência energética, com uma série de vantagens competitivas para se colocar à frente da transição ecológica com protagonismo no mundo”, salientou o indicado. Em sua fala, Galípolo também fez duas referências diretas ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto ‒ tratado como algoz por Lula e aliados, que veem nele a responsabilidade pela manutenção da taxa básica de juros (a Selic) nos atuais 13,75%, que consideram um equívoco. “Mas o crescimento do Brasil não depende só de uma questão externa. Como bem colocou o diretor-presidente do Banco Central, Roberto Campos [Neto], se seguirmos com premissas de um crescimento potencial de 1,5% ou 1,6% e uma taxa de juros neutra de 4,5%, por mais sofisticado que sejam os modelos e os economistas que tratam dos modelos, a relação dívida/PIB não vai apresentar um bom comportamento”, disse. “Como também disse o presidente Roberto Campos, a única solução é crescer. E para crescer, é preciso seguir com a agenda econômica que vem sendo enfrentada agora mesmo em conjunto pelo Legislativo, pelo Executivo e pelo Judiciário”, pontuou. Ao final de sua fala, Galípolo criticou a postura dogmática assumida por alguns economistas e valorizou a democracia como arena para decisões políticas ‒ inclusive aquelas com impactos econômicos. “O reconhecimento da responsabilidade desse cargo está implícito e patente na necessidade de ser uma indicação do presidente da República e depender da aprovação do Senado. Isso dá também a dimensão da democracia como um valor superior”, disse. “Durante muito tempo, nós, economistas, utilizamos a necessidade da discussão técnica para tentar interditar o debate econômico ou a economia como espaço para a vontade democrática ou para o debate público. Não cabe a um economista, por mais excelência que ele tenha, impor o que ele entende ser o destino econômico do país à revelia da vontade democrática e dos seus representantes eleitos”, concluiu. |
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