A fabricante brasileira de aeronaves Embraer (EMBR3) descartou fazer alterações em seu guidance (projeção) de entrega de aeronaves em 2023, mas as metas a serem cumpridas até o final do ano seguem desafiadoras.

No primeiro semestre foram entregues 24 aeronaves do segmento comercial e a previsão para fechar 2023 está entre 65 e 70 aeronaves. Já na aviação executiva, nos seis primeiros meses do ano foram entregues 38 aeronaves, com o guidance do segmento apontando entre 120 e 130 unidades a serem entregues.

“Tem um atraso nas entregas. Está acontecendo com alguns fornecedores pelo crescimento de produção do ano passado para esse ano”, afirmou Francisco Gomes, CEO da Embraer, a analistas e investidores, para comentar o balanço do segundo trimestre, que apontou alta de 20%.

“Com o crescimento (de produção) ainda não estão entregando tudo que a gente precisa na hora que a gente precisa. Então está tendo um atraso. Mas esse atraso não deve impactar nas entregas de 2023”, garantiu.

A empresa informou que os atrasos na cadeia de suprimentos se estendem também ao segmento de defesa. “Nós esperávamos ter alguns fornecimentos no 2T23, que acabaram sendo postergado para 3T23 e 4T23”, disse.

Embraer (EMBR3): Restrições geram cautela

Antonio Garcia, CFO da Embraer, afirmou na apresentação dos resultados que, por conta da restrição na cadeia de suprimentos, a empresa tem sido mais cautelosa.

“A gente teria carteira até para fornecer mais, mas fizemos o guidance (desse ano) pensando nas restrições da cadeia de suprimentos. Se isso melhorar a gente tem algum upside (alta), mas o número já está bem justo em função disso”, ressaltou.

“A gente está preparando 60% das entregas do ano no 2T23 e principalmente no 4T23, já calibrando para o ano que vem uma produção maior. Teremos um 1T24 mais forte do que se viu esse ano”, complementou.

Novos pedidos

A Embraer começou o 3T23 com vendas adicionais de US$ 700 milhões cujos clientes da compra só serão divulgados no final do trimestre.

“A gente espera uma aceleração do backlog (encomendas) da comercial e da defesa nesse segundo semestre”, disse o CEO.

Francisco Gomes comentou que as posições de aeronaves na linha de produção com entrega em 2024 e 2025 estão praticamente preenchidas, tanto para aviação comercial quanto para jatos executivos.

“As novas vendas não vão impactar 2023. Em 2023 nós estamos com os slots (espaços) já totalmente definidos para esse ano”, ressaltou.

Resultados da Embraer

Para a XP, a Embraer apresentou resultados positivos no 2T23, com Ebitda ajustado 30% acima da estimativa.

Embora não tenha ocorrido geração de caixa no 2T23, a corretora entende que isso se deve aos níveis de estoque naturalmente maiores, já que a empresa está se preparando para entregas de aeronaves mais expressivas nesse segundo semestre.

Analistas do Santander avaliam que a empresa deve cumprir o guidance depois de fortes entregas no 2T23, e o BTG Pactual vê melhores margens no segundo semestre.

Ao final da sessão desta segunda-feira (14), após a divulgação do balanço, as ações da Embraer (EMBR3) encerraram com queda de 1,3%, cotadas a R$ 18,22 – longe das mínimas e das máximas do dia.

Na máxima da sessão, as ações chegaram a bater nos R$ 19,52, antes de virar para queda, logo pela manhã. Na mínima da sessão, os papéis chegaram a valer R$ 17,51.

Em 2023, as ações da fabricante de aeronaves sobem 27,3%.