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Economia

Fator político incluído por Trump no tarifaço dificulta negociações, diz FGV/Ibre

- 14/07/2025 4 Visualizações 4 Pessoas viram 0 Comentários
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A carta que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou ao governo brasileiro detalhando as tarifas que ameaça aplicar ao Brasil foi a única endereçada a parceiros comerciais que explicitou motivações políticas, o que limita a margem de negociação. O comentário está num capítulo à parte incluído no Indicador de Comércio Exterior (Icomex) de julho, divulgado nesta segunda-feira (14) pela FGV/Ibre.

Para os especialistas da FGV/Ibre, essa dificuldade extra para o governo reside no fato de os motivos expostos tratarem de questões que são da alçada exclusiva do Estado brasileiro. Além disso, Trump ainda justifica a medida por déficits inexistentes.

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O documento ressalta que  a balança comercial do Brasil é sistematicamente deficitária com os Estados Unidos desde 2009. E só no primeiro semestre de 2025, a balança bilateral Brasil-Estados Unidos apontou uma conta de US$ 1,7 bilhão favorável aos americanos.

O desempenho dos fluxos de comércio mostra que, em termos de volume, as exportações para os Estados Unidos superaram o crescimento total das exportações brasileiras nos períodos de 2012/2016; 2020/2024 e na comparação entre os dois primeiros semestres de 2024 e 2025.

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No caso das importações, apenas na comparação dos primeiros bimestres de 2024 e 2025 e no período de 2016/2020, as compras externas oriundas dos Estados Unidos superaram as importações totais do Brasil.

O relatório também aponta que, apesar de um relativo bom desempenho das exportações, é fato a perda de importância dos Estados Unidos na pauta de comércio do Brasil. Entre 2001 e 2024 a participação das exportações dos Estados Unidos caiu de 24,4% para 12,0% e as importações de 22,7% para 15,5%.

Embora essas perdas estejam relacionadas com o avanço da China, destaca a FGV/Ibre, esse resultado se explica por mudanças nas vantagens comparativas dinâmicas e não por uma deliberação de políticas brasileiras.

As perdas de participação dos Estados Unidos na pauta brasileira de importações, por exemplo, se concentram em bens de capital e bens semiduráveis. No caso de bens intermediários, que explicam a maior parte das importações, a participação se manteve estável.

Ainda segundo o Icomex, a pergunta que está na pauta do debate atual sobre o tarifaço de Trump é o efeito sobre as exportações brasileiras. A pauta de exportações para os Estados Unidos é bastante diversificada. Enquanto 10 produtos explicaram 57% das exportações brasileiras para esse mercado, no caso da China apenas 3 produtos (petróleo, soja e minério de ferro) explicaram 96% das exportações brasileiras em 2024.

“Informações veiculadas pela imprensa apontam que os setores agropecuário, siderúrgico e de outros segmentos da indústria de transformação sediados, em especial, no estado de São Paulo consideram que a taifa de 50% poderá inviabilizar exportações”, diz o relatório.

O texto diz que, no momento, espera-se que negociações sejam possíveis e que que Trump siga o comportamento apelidado de “Trump Always Chickens Out” (TACO), que em tradução livre significa Trump “amarela ou volta atrás”.

“Avaliações mais detalhadas devem esperar para o resultado final desse contencioso. Por último, como lembrou o prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, as exportações dos Estados Unidos representam cerca de 2% do PIB brasileiro. Além disso, parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos são de empresas multinacionais estadunidenses, que poderão pressionar o governo Trump, da mesma forma que empresas nos Estados Unidos que utilizam os bens intermediários do Brasil na sua produção.”

Balança comercial do semestre

Sobre a balança comercial brasileira entre janeiro e junho, que mostrou superávit de US$ 30,1 bilhões, abaixo do saldo de US$ 41,6 bilhões no mesmo período do ano passado, o Icomex comentou que a piora é explicada pelo maior crescimento das importações do que das exportações.

O relatório citou que a queda nos preços das commodities, questões associadas ao aumento de compras de petróleo da Rússia e dificuldades de recuperação do setor de construção (minério de ferro) afetam as exportações para a China, o principal parceiro comercial do Brasil, que registrou recuo de 7,5% no valor exportado entre os dois primeiros semestres de 2024 e 2025.

Nas importações, a valorização do câmbio, a antecipação de importações com as incertezas trazidas pelo governo Trump e crescimento da indústria de transformação foram os fatores citados.




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