 A Fitch rebaixou nesta quinta-feira (3) a classificação de risco de crédito da China em moeda estrangeira de longo prazo (IDR) de ‘A+’ para ‘A’, devido à expectativa de um enfraquecimento contínuo das finanças públicas chinesas e uma trajetória de aumento acelerado da dívida pública. Além disso, a Fitch projeta que o PIB da China crescerá 4,4% em 2025, abaixo dos 5,0% registrados em 2024. “O aumento das tarifas comerciais tem sido muito mais drástico, e a China continuará sendo impactada por uma desaceleração global mais ampla induzida por tarifas”, diz o relatório. O time da Fitch prevê que o déficit do governo geral da China aumente para 8,4% do produto interno bruto (PIB) em 2025, ante 6,5% em 2024. Segundo relatório, estímulos fiscais sustentados serão utilizados para impulsionar o crescimento, em meio a uma demanda doméstica fraca, aumento de tarifas e pressões deflacionárias. “Esse suporte, juntamente com a erosão estrutural da base de receitas, provavelmente manterá os déficits fiscais elevados”, diz o documento. A Fitch projeta que a relação dívida/PIB do governo continue a subir acentuadamente nos próximos anos, impulsionada por esses déficits elevados, a materialização de passivos contingentes e o crescimento moderado do PIB nominal. O ritmo de alta da relação dívida/PIB deve desacelerar ao final do horizonte de cinco anos, impulsionado por uma recuperação do crescimento nominal do PIB e uma consolidação fiscal gradual. No entanto, segundo a agência, persistem riscos de uma trajetória ascendente contínua. Os desafios relacionados ao aumento da dívida governamental são mitigados por uma baixa participação da dívida em moeda estrangeira e uma alta taxa de poupança doméstica. Esses fatores sustentam a acessibilidade da dívida e a flexibilidade de financiamento. Fundamentos do ratingPara Fitch, as forças da China — incluindo sua economia grande e diversificada, perspectivas de crescimento do PIB sólidas em comparação com pares, papel essencial no comércio global e finanças externas robustas — equilibram os desafios fiscais no novo nível de rating. Já o suporte fiscal de curto prazo para a transição do crescimento baseado no setor imobiliário para setores de manufatura avançada e consumo também pode fortalecer as perspectivas econômicas de médio prazo, possibilitando uma estabilização da dívida governamental no longo prazo. Embora os anúncios tarifários recíprocos de 2 de abril ainda não tenham sido incorporados às projeções do banco e haja incerteza sobre seus impactos, há margem no rating atual para acomodar as prováveis implicações para o crescimento econômico e as métricas fiscais.
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