Os frigoríficos brasileiros — JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) — trouxeram resultados do primeiro trimestre majoritariamente positivos, com alguns, no entanto, se destacando frente os demais. De forma geral, a perspectiva também é de que essas companhias tragam melhorias operacionais no futuro, mas com alguns pontos a serem acompanhados. Cabe ressaltar que as ações do setor são destaque de alta em maio, com avanços de 27% para MRFG3, 24% para JBSS3, 16% para BRFS3 e 14% para BEEF3, com outros fatores de risco também sendo dirimidos para as companhias. JBS e BRF foram os destaques positivos do período de resultados que vai de janeiro a março de 2024. As duas companhias, após as publicações dos seus balanços, tiveram suas ações subindo consideravelmente, com o mercado reagindo bem aos números. No caso da primeira, por exemplo, o Itaú BBA apontou que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi superior às expectativas. Fora isso, o lucro ficou acima do esperado mesmo com ajustes contábeis. Já a Genial Investimentos avaliou que a JBS reportou um trimestre forte, com resultado pouco acima das suas projeções em termos de receita líquida, de R$ 89,1 bilhões (1,2% acima das estimativas da Genial), e uma margem Ebitda consideravelmente acima das expectativas do mercado, em 2,5% (mais 1,5 ponto). Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos Apesar de os resultados ainda virem pressionados pelo atual momento do ciclo do gado nos Estados Unidos, com o número de cabeças de gado limitado (e que inclusive levou a um Ebitda negativo de R$ 48,6 milhões na divisão), Pilgrim’s Pride, JBS USA Pork e Seara compensaram positivamente. Ciclo do gado nos EUA continua em destaqueO ciclo de gado é algo natural que os frigoríficos enfrentam. Ele é explicado basicamente pela oferta e demanda com momentos que se alternam. Quando há muitas cabeças de gado disponíveis, os preços caem e os criadores perdem margem de lucratividade. Nesse momento, frigoríficos lucram mais, por conseguirem comprar animais por um preço mais em conta. Logo, no entanto, os criadores passam a diminuir sua criação, simplesmente porque não compensa. O número de cabeças vai diminuindo e o preço, subindo. Neste momento, frigoríficos tendem a ter resultados piores. Fora isso, a perspectiva é de que o pior, no que tange a situação com JBS Beef, já tenha passado, apesar de as previsões apontarem que o ciclo ainda permanecerá pressionado até o final de 2025. Além do mais, a visão é de que demandas aquecidas para aves e porcos devem continuar melhorando os resultados das outras divisões. Já para a BRF, o resultado foi “considerado histórico”, com a ação chegando a subir mais de 10% na sequência da publicação. A visão dos analistas foi que a companhia entregou o seu turnaround, com melhora operacional e menores gastos financeiros, devido ao seu processo de desalavancagem. Após o balanço, o Bank of America chegou a elevar a recomendação de BRFS3 de underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra. A equipe de análise viu um “impulso de lucros mais construtivo, puxado principalmente pelos preços internacionais mais elevados do frango e pela contínua redução dos custos de alimentação” A XP apontou que o resultado foi “bem melhor do que o esperado”, com o Ebitda, por exemplo, de R$ 2,1 bilhões, 17% acima da sua projeção. “Os números fortes em um trimestre historicamente fraco sugerem que a empresa é menos cíclica do que se esperava anteriormente, especialmente conforme as vendas seguem sustentando boas margens. Isso deve contribuir para mais revisões positivas nos números da empresa, confirmando que nós e todo o mercado devemos reconhecer que se trata de uma nova BRF”. A Marfrig, por sua vez, acabou surfando na onda da BRF — companhia na qual tem mais de 50% de participação. Fora isso, a visão de analistas foi que a National Beef, braço da Marfrig nos EUA, com Ebitda de US$ 58 milhões, trouxe “resiliência”. A Genial foi na mesma linha. “Vimos um trimestre desanimador em termos de margens, com a restrita oferta de gado na América do Norte pressionando de modo relevante os custos da operação, e, assim, sua rentabilidade e as margens do resultado consolidado da companhia. Entretanto, tanto América do Sul quanto BRF exerceram contribuições positivas para a rentabilidade do consolidado”, comentou a equipe. De olho na alavancagem da Marfrig e MinervaO que impediu o resultado da Marfrig de ser considerado positivo, contudo, foi a alavancagem da companhia, com os gastos com a aquisição da fatia na BRF ainda pesando. A expectativa da diretoria do frigorífico, contudo, é que a subsidiária pague dividendos e permita a desalavancagem ao longo do ano. Por fim, a Minerva também teve as despesas financeiras apontadas como destaque negativo do seu resultado – após a companhia adquirir 16 plantas no ano passado justamente da Marfrig. Porém, apesar da dívida ter aumentando, o Ebitda da companhia, de R$ 629 milhões (alta de 18% no ano), sua melhor performance operacional levou uma alavancagem (medida pela relação entre Ebitda e dívida) estável. “O desempenho da Minerva no mercado externo foi sólido, mas o mercado interno ganhou os holofotes no trimestre, com uma surpresa bem-vinda, que deve explicar parcialmente a melhora do capital de giro”, comentou a corretora. O mercado, contudo, continua monitorando a alavancagem e de olho na decisão da agência antitruste brasileira, que tem de aprovar as aquisições das plantas da Marfrig. “Até lá, mercado permanecerá indiferente aos resultados de curto prazo”, disse a XP. |
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