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Economia

Fundos ampliaram aposta em bancos antes de crise com Moraes, Magnitsky e Dino

- 20/08/2025 8 Visualizações 8 Pessoas viram 0 Comentários
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Fundos de ações podem ter sido atingidos em cheio, ao menos temporariamente, pela crise envolvendo a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que trouxe consequências para a aplicação da Lei Magnitsky a Alexandre de Moraes. Segundo relatório da XP divulgado na terça-feira (19), fundos aumentaram exposição a bancos em julho, movimento que coincidiu com a divulgação de resultados trimestrais acima do esperado e um ambiente macroeconômico considerado mais benigno.

Segundo o levantamento, os gestores continuaram ampliando posições em Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), que apareceram como os papéis mais comprados no mês, além de terem reforçado apostas em BTG Pactual (BPAC11). O relatório também aponta entrada líquida em Banco do Brasil (BBAS3), mesmo após resultados considerados mais fracos.

A XP estima que fundos elevaram exposição a bancos em 183 pontos-base no último mês, a 13% das carteiras. O percentual no entanto ainda é 6,2 pontos abaixo do peso do setor no Ibovespa. Outros que também tiveram alta são Metais e Mineração, e setor financeiro (não-bancos). Por outro lado, elétricas e energia tiveram queda de 361 pontos-base.

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O cenário, no entanto, mudou radicalmente nesta semana. Apenas na terça-feira (19), os cinco maiores bancos listados na B3 perderam R$ 41,98 bilhões em valor de mercado, após o ministro Flávio Dino afirmar que decisões estrangeiras não podem ter efeito automático no Brasil, o que abriu dúvidas sobre como instituições financeiras devem se posicionar diante das sanções impostas pelos EUA a Moraes.

Entre as maiores quedas, estiveram Banco do Brasil ON (-6,03%), Santander (-4,88%) e B3 (-4,79%), enquanto Itaú recuou 3,84% e Bradesco, 3,43%. Nesta quarta-feira (20), Itaú, BB e Santander devolviam parte das perdas às 16h18, com altas de 0,14%, 0,51% e 2,08%, enquanto BTG e Bradesco cediam mais 0,29% e 1,22%.

Mudança de humor

Até a semana passada, o apetite por bancos refletia a percepção de solidez do setor e o peso dessas ações dentro do Ibovespa. Mas, segundo analistas, o ambiente político e jurídico alterou completamente a dinâmica.

“O recorte até o início da semana era positivo para bancos e para o Brasil como um todo. A escalada das tensões envolvendo STF e EUA trouxe muito ruído e mudou o humor do mercado em questão de horas”, afirmou João Sá, co-head de Investimentos da Arton Advisors.

Para Ricardo Campos, CEO da Reach Capital, o impacto direto tende a ser limitado, mas o ruído já se mostra suficiente para aumentar a volatilidade:

“O caso em si é marginalmente ruim, mas contornável para o sistema bancário. Essas instituições, por política interna de compliance, podem optar por restringir serviços – decisão legítima, mas que certamente geraria mal-estar com o Supremo.”

Perspectivas

Apesar da realização recente, o relatório da XP ressalta que os bancos continuam sendo pilar relevante nas carteiras de fundos de ações, sustentados pelo fluxo de dividendos e pela resiliência nos resultados. A incerteza, contudo, pode levar gestores a rever parte dessa alocação.

“Embora o Brasil não tenha de seguir leis americanas internamente, os bancos precisam se adequar ao ambiente jurídico internacional, o que levanta riscos sobre operações e até licenças”, lembrou Sá.

É importante lembrar que o levantamento da XP é baseado em estimativa, considerando as carteiras mensais divulgadas pelas gestoras, cruzando compras e vendas líquidas de ativos. Fundos de ações podem ocultar a composição e diversificação da carteira por até seis meses, então ainda não é possível saber exatamente todos que ampliaram exposição a bancos, e quais podem ter reduzido até a crise desta semana.




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