As ações preferenciais da Gerdau (GGBR4) são, por enquanto, uma das maiores quedas de 2024 do Ibovespa, em baixa de quase 10%. Outras siderúrgicas, como Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), também ocupam a lista, com ambas tendo quedas de cerca de 9%. O setor vem sofrendo já há algum tempo na Bolsa. Em 2023, a “invasão do aço chinês” no Brasil, motivada pelo desaquecimento da economia do gigante asiático e pela crise do setor imobiliário por lá, derrubou os lucros e se tornou uma detratora dos resultados das metalúrgicas. “A China vem produzindo um volume maior de aço plano e focando em exportação para diversas regiões. Com isso, o resultado das siderúrgicas no Brasil estão pressionados desde então”, explica João Abdouni, analista da Levante Corp. “É incerto falar se ela continuará em 2024, pois a China pretende manter o patamar de crescimento do PIB em 5%. Neste sentido é difícil que o gigante asiático mude a postura. Em contrapartida, há quem especule que o ritmo das siderúrgicas chinesas será menor”. Apesar de o setor imobiliário chinês estar desacelerando, o país continua produzindo aço para manter sua economia rodando – diferentemente de em outros anos, quando o governo chegou a ordenar o interrompimento da produção. Outro fator que pesou neste começo de 2024 é que o minério de ferro, nos últimos dias, também vem caindo, justamente por conta da baixa demanda na China. O recuo sinaliza, para especialistas, que as siderúrgicas estão com bastante aço estocado. Um menor estoque por lá pode sinalizar novas ondas de exportação, inclusive para o Brasil. Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, menciona que o aço chinês chega ao Brasil com “preços predatórios”, reduzindo a atratividade das empresas locais. Já Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, destaca que há previsões de que as importações brasileiras de aço chinês podem voltar a subir em 2024. Por fim, não ajuda também o fato de o preço minério estar alto, apesar das quedas recentes, o que pressiona ainda mais as margens da Gerdau, da CSN e da Usiminas. Visões para 2024As visões para 2024 se dividem. A Levante Corp, por exemplo, diz enxergar o setor pressionado, ainda por conta do cenário imobiliário chinês, preferindo mineradoras. Ferrer, da Empiricus, avalia que os próximos 12 meses não devem ser empolgantes para Gerdau, Usiminas e CSN. “Teremos uma manutenção de tendência do que aconteceu no ano passado, ou seja, não vai ser um grande ano. Obviamente que pode ser muito importante que a indústria consiga um aumento da taxa de importação”, pondera. No entanto, ele menciona que o fator Estados Unidos pode ser positivo, principalmente para a Gerdau, que tem forte participação no país norte-americano na sua receita. Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, vai no mesmo caminho, apontando que a sinalização dos EUA de retirar o direito da sobretaxa de 103,4% da produção de aço brasileira, uma barreira comercial, pode ser positiva. Isso com o acréscimo de que a maior economia do mundo ainda estar rodando estímulos para o setor de infraestrutura, que demanda aço longo e flertando com o início do ciclo de queda dos juros, que normalmente impulsiona o setor imobiliário e de veículos. “A sobretaxa era considerada por mais de 30 anos uma barreira comercial para exportação brasileira no segmento de tubos soldados de aço ao continente norte-americano. A medida deve fortalecer as operações da Gerdau frente à concorrência chinesa”, diz Belitardo. “Fora isso, a potencial queda de juros nos EUA ainda em 2024 torna as ações da Gerdau ainda mais atrativas na cotação atual e o setor de aço tende a ser beneficiado com a retomada do setor de e construção e infraestrutura no Brasil, China e nos países desenvolvidos. Tudo isso por conta do ciclo de queda na taxa de juros, o que impulsionará a demanda e cotação da commodity”, completa. De acordo com compilação LSEG com analistas de mercado, Gerdau segue na preferência entre as siderúrgicas brasileiras. Veja as recomendações detalhadas no quadro abaixo: |
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