O governo está analisando múltiplas respostas ao anúncio de Trump de sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto. As medidas incluem criação de fundo emergencial e comitiva diplomática e fortalecimento de acordos comerciais à reações mais incisivas, como taxação das big techs. As informações são da Folha de S.Paulo.

A iniciativa ocorre a dez dias da vigência das tarifas norte-americanas, que parece cada vez mais real dada a indisposição dos americanos em abrir negociações. Segundo o jornal, instituições financeiras já buscam orientação jurídica nos EUA para lidar inclusive com sanções mais severas, incluindo restrições a operações bancárias.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há estudos para enfrentar a sobretaxa dos EUA, mas que o Brasil vai manter diálogo. O foco, portanto, é criar alternativas que não escalem a retaliação, mas garantam negociação e defesa da competitividade brasileira.

Veja as alternativas em discussão:

1. Fundo emergencial para exportadores

Segundo a Folha de S.Paulo, o governo discute criar um fundo privado temporário, capitalizado via medida provisória e crédito extraordinário, com o objetivo de dar acesso a linhas de crédito para empresas comprovadamente prejudicadas pela queda nas exportações ao mercado americano.

2. Comitiva a Washington

O vice-presidente Geraldo Alckmin, ainda de acordo com o jornal, estuda liderar uma comitiva interministerial com setores públicos e privados a fim de negociar um adiamento de até 90 dias ou o cancelamento das tarifas, apresentando um pacote de concessões comerciais dos EUA.

3. Prorrogação do prazo

A proposta, defendida publicamente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), busca adiar a data de início das tarifas, evitando que o impacto seja real antes de qualquer avanço nas negociações.

4. Reforço de acordos globais

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirma que o Brasil pretende intensificar as relações com outros parceiros, especialmente visando acelerar a conclusão do acordo UE‑Mercosul até dezembro.

5. Sensibilização de consumidores americanos

Empresários brasileiros ouvidos pela Folha devem abordar importadores dos EUA para expor efeitos das tarifas sobre produtos de alto consumo, como carne bovina, café e suco de laranja, incentivando mobilização do mercado americano .

6. Tributação das big techs com Cide

O governo considera aplicar uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre empresas de tecnologia dos EUA, conforme proposta relatada pela Folha. A ideia é uma resposta ao componente político da disputa, sem prejudicar usuários.

Relembre o caso

Em 9 de julho, o presidente dos EUA anunciou sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto, em retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro e à remoção de conteúdos em redes sociais, além de supostas práticas comerciais injustas. O governo brasileiro reagiu convocando reunião de ministros, analisando aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica e internacionalizando o debate.