Em meio à maior tragédia climática já registrada no estado, o governo do Rio Grande do Sul emitiu um novo alerta para o risco de enchentes em municípios da região sul, localizados às margens da Lagoa dos Patos. Segundo as autoridades gaúchas, a água que inundou a capital Porto Alegre e devastou a região metropolitana deve descer pela lagoa em direção ao mar. “Vai subir muito o nível da lagoa e trazer muitos transtornos aos municípios da região”, afirmou o governador Eduardo Leite (PSDB), em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de segunda-feira (6). “Infelizmente, se aqui [em Porto Alegre] está sendo pior do que em 1941, pode ser muito pior na região sul também”, completou o governador gaúcho, em alusão à trágica enchente ocorrida há mais de 70 anos, até então a mais devastadora da história. O risco de complicações no sul do estado aumenta à medida que se aproxima uma frente fria, que deve provocar chuvas e queda de temperatura nesta semana, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo o governo do Rio Grande do Sul, os impactos iniciais devem ser sentidos entre um dia e meio e dois dias. Os prefeitos das cidades da região já foram comunicados sobre os riscos. “Por favor, acreditem nos alertas e nos ajudem para que a gente possa salvar vidas, reduzir os transtornos e depois estaremos juntos para a reconstrução”, afirmou Leite. Balanço da tragédiaDe acordo com o novo boletim divulgado pela Defesa Civil, na manhã desta terça-feira (7), já são 90 os mortos pelas enchentes em todo o estado. Ainda segundo as autoridades gaúchas, 132 pessoas seguem desaparecidas e 361 ficaram feridas. A Defesa Civil informou, ainda, que 203,8 mil pessoas estão fora de suas casas, das quais 48,1 mil estão alojadas em abrigos e 155,7 mil estão desalojadas (hospedadas em casas de familiares ou amigos). Até o momento, segundo a Defesa Civil, 388 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul foram atingidos, de alguma forma, pelas chuvas históricas. Ao todo, 1,3 milhão de pessoas foram afetadas pela tragédia. Abrigos e hospitais de campanhaA Arena do Grêmio, estádio de um dos maiores clubes de futebol do estado e do país, já não oferece mais estrutura para acolher os desabrigados. O gramado está completamente alagado, e o estádio não tem água nem luz. Foram montados hospitais de campanha pelo governo federal para dar assistência a feridos e desabrigados. Até o momento, as cidades contempladas por essas estruturas foram Estrela, Canoas e São Leopoldo. Falta de águaSegundo informações da Corsan, 750 mil clientes estão sem abastecimento de água no estado. Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) informou que 70% da capital gaúcha está sem água. Escolas sem aulaDe acordo com a administração estadual, 789 escolas de 216 municípios foram afetadas pela tragédia: 386 estão danificadas e 52 servem como abrigo, além de locais com problemas de transporte e acesso. Mais de 273 mil estudantes foram impactados. As aulas da rede estadual devem ser retomadas, nesta terça, nas regiões de Uruguaiana, Osório, Erechim, Rio Grande, Palmeira das Missões, Três Passos, São Luiz Gonzaga, São Borja e Ijuí. O estado ainda não definiu se retoma as atividades nas regiões de Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Bagé, Santo ngelo, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Santana do Livramento, Vacaria, Soledade, Gravataí e Carazinho. As regiões de Porto Alegre, São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul e Canoas não têm previsão de retomada das aulas. |
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