 O governo da Argentina convocou os governadores das 25 províncias do país para uma reunião na Casa Rosada na tarde desta sexta-feira (8) quando pretende negociar detalhes de um grande acordo, chamado “Pacto de Maio”, anunciado na semana passada pelo presidente Javier Milei em discurso no Congresso. Embora o próprio Milei não tenha confirmado a presença no encontro e o ministro da Economia, Luis Caputo, esteja em viagem de trabalho na República Dominicana – para acompanhar a assembleia interanual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) -, a reunião pode ser decisiva para que os governadores pressionem deputados e senadores a destravar o amplo pacote de reformas econômicas chamado de “lei omnibus”. Com as províncias enfrentando sérios problemas de falta de recursos, o governo fez um aceno nesta quinta-feira (7) ao prorrogar um artigo da lei sobre o financiamento da educação, uma das exigências feitas pelos governadores. Foi o segundo recuo da administração de Milei, depois de estabelecer o valor salário-mínimo, mesmo tendo negado que pretendia fazê-lo. Sobre os recursos da educação, Milei se mantinha firme na leitura de que “a educação é responsabilidade das províncias, é um problema das províncias”, conforme havia dito em uma recente entrevista para uma emissora de rádio. Segundo os jornais argentinos, o governo pensou em negociar com os governadores em grupos menores, devido a questões locais a serem consideradas, mas foi convencido da importância de uma reunião geral. Pacto de MaioO Pacto de Maio apresentado por Milei no dia 1º contém 10 princípios do que ele considera uma nova ordem econômica, para o país, que incluem temas como inviolabilidade da propriedade privada; o equilíbrio fiscal inegociável; a redução do gasto público para níveis históricos, em torno de 25% do PIB; uma reforma tributária para reduzir a cara de tributos; e a rediscussão da repartição tributária federal, para acabar com o que Milei considera um modelo de extorsão. Também faz parte do documento o compromisso das províncias para avançar na exploração dos recursos naturais; uma reforma trabalhista moderna que promova o trabalho formal; uma reforma previdenciária que dê sustentabilidade ao sistema, prevendo a adesão à um sistema de previdência privada; reforma política estrutural; e abertura ao comércio internacional, “para que a Argentina volte a ser protagonista no mercado global”. Se as forças políticas argentinas chegarem a um consenso, esse pacto será assinado em 25 de maio, em Córdoba. O momento é delicado na relação da gestão de Milei com os governadores. O jornal La Nación lembra que os gestores das províncias têm aproveitado a vulnerabilidade parlamentar do partido Liberdade Avança para se organizarem em blocos nas negociações e conseguir vantagens para suas regiões.
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