A Globo anunciou na semana passada os nomes dos participantes do BBB 25, que estreia nesta segunda-feira (13). Um dos integrantes do reality show é Marcelo Prata, 38 anos, que foi um dos líderes (espécie de vendedor que ganha comissão) da Unick Forex, uma pirâmide financeira que quebrou em 2019 e lesou cerca de 1,5 milhão de pessoas em R$ 12 bilhões, segundo a Polícia Federal (PF). A emissora não menciona o caso no perfil do novo integrante, identificado apenas como servidor público. Já Prata diz que também foi vítima do esquema. Leia também: Retorno garantido, baixo risco? Nova ferramenta ajuda investidor a identificar golpes Outro lado
Afirma ainda que, “a despeito de no ano de 2017 ter publicado em suas redes sociais” vídeos sobre o esquema, ele também teria “amargado prejuízos de ordem moral e financeira, induzido a erro por artistas famosos que estavam à frente da empresa e empresários de má-fé”. A Globo foi contatada, mas não respondeu até a publicação desta matéria. A reportagem do InfoMoney perguntou se a equipe da produção do reality show do BBB averiguou o passado dos participantes e se a sabia da participação do novo integrante no esquema fraudulento com criptomoedas. O espaço fica aberto. Queda da Unick ForexEm 2018, a Unick Forex entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No início daquele ano, o regulador disse que o negócio ofertava valores mobiliários sem a devida autorização e emitiu alerta de atuação irregular, proibindo a captação de clientes. Apesar disso, os integrantes não pararam de atuar. Um processo administrativo sancionador foi aberto então em 2019. Os responsáveis pelo esquema foram condenados no ano seguinte a pagar multas de R$ 12 milhões.
Segundo o advogado Artêmio Picanço, especialista em blockchain e combate a golpes financeiros, atuar como líder de pirâmide financeira (ou seja, divulgar em troca de comissão) não era passível de punição legal naquela data por crime contra a economia popular. Isso porque não havia uma legislação específica que determinasse sanções mais severas para esquemas dessa natureza. “Posteriormente, com a adoção do marco regulatório de criptoativos, essa situação foi alterada, permitindo que tais condutas sejam punidas de forma mais rigorosa. Ainda assim, isso não impede que essas pessoas sejam responsabilizadas com base no Código de Defesa do Consumidor, especialmente no que diz respeito à responsabilidade solidária. Esse princípio prevê que todos os atores que contribuam, direta ou indiretamente, para a cadeia de consumo podem ser responsabilizados solidariamente pelo evento danoso”. De acordo com relatório final da PF, a Unick Forex movimentou ilegalmente R$ 28 bilhões durante seu funcionamento. Parte do dinheiro foi usado pelo responsáveis para adquirir imóveis, veículos de luxo, joias, entre outros itens de valor. Cerca de 1,5 milhão de pessoas – algumas venderam carros, casas e usaram economias guardadas por anos – perderam R$ 12 bilhões ao colocar dinheiro no golpe, segundo a investigação. Como identificar pirâmides?Entre 2019 e 2023, pirâmides financeiras associadas a criptomoedas causaram prejuízo financeiro de R$ 40 bilhões aos investidores, segundo levantamento feito na época pelo InfoMoney. Além da Unick Forex, alguns dos outros casos conhecidos no Brasil foram a GAS Consultoria, Atlas Quantum e Grupo Bitcoin Banco. |
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